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Como escreve: Isabel K. Sparks, autora de ❛As Crônicas de Horgfell - Príncipes de Kahannas❜

A escritora Isabel K. Sparks, reconhecida por suas obras de fantasia, terror e suspense, despertou a atenção dos leitores desde que iniciou sua jornada literária aos 16 anos. Com uma narrativa envolvente e repleta de reviravoltas, ela conquistou seu espaço no mundo literário e se tornou vencedora de três concursos literários.

Nascida em Curitiba, a autora desenvolveu seu talento ao longo dos anos e viu suas histórias ganharem vida nas plataformas digitais. Com o sucesso de suas publicações, Isabel K. Sparks recebeu uma indicação especial do Museu da Palavra, na Espanha, para ser embaixadora da Língua Hispânica no Mundo, destacando sua contribuição para a literatura internacional.

Além de sua carreira como escritora, Isabel tem uma formação acadêmica em Tecnologia de Gestão de Serviços Jurídicos e Notariais pela Universidade Internacional Uninter - Boston. Seu compromisso com a literatura e a cultura também é evidenciado através de sua participação na Academia Independente de Letras (AIL), onde ocupa a cadeira n.185 e contribui para o desenvolvimento da escrita e das letras.

Nesta entrevista exclusiva, teremos a oportunidade de desvendar como Isabel K. Sparks cria suas histórias intrigantes, explorando desde espionagem e traições até amores perigosos, mortes e dúvidas. A autora nos guiará por seu processo criativo, revelando os segredos por trás de seu penúltimo livro, onde uma pandemia ameaça a paz entre dois lados rivais.

Hoje, Isabel nos brinda com sua genialidade nos contando um pouco sobre sua rotina de escrita.



1. Quando decidiu que se tornaria um escritor?

Desde criança eu sempre gostei de escrever histórias, porém aos 16 anos, foi quando eu descobri sobre as plataformas digitais de escrita por meio de uma amiga, escrevi um livro e baseado no feedback positivo que recebi, decidi que eu queria me aprofundar mais e fazer disso uma carreira.


2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita? 

O primeiro livro que escrevi era sobre morte, como agente recolhedor de almas, tirando férias durante o período das cruzadas, logo havia milhares de feridos mas nenhuma baixa e era uma situação catastrófica para todos os envolvidos. O livro não chegou a ser publicado, não me recordo do título, mas, este também foi o primeiro projeto deixado na gaveta.


3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?

Eu escolho os temas baseados em gostos pessoais, logo eu apenas escrevo o que eu gostaria de ler, sempre me colocando na posição de leitora.


4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?

Eu diria que me inspiro muito na técnica de escrita de Anne Rice e em como os vampiros dela são tão maravilhosamente escritos, em minha humilde opinião, assim como adoro os lycans de Greg Cox, a riqueza do universo de Tolkien, as técnicas de H.P. Lovecraft e Edgar Allan Poe. Eu acredito que todos eles são minhas inspirações.


5. Existe algum ritual para se escrever um livro? Qual funciona para você?

O melhor ritual se constitui em música, um lugar silencioso e livre de estresse.


6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?

Contos:

O Gringer

A Proposta

O Caso do Barão de Exeter

O Terror de Olhos Amarelos

À Procura do Amor


Livros:

As Crônicas de Horgfell - Príncipes de Kahannas (Inglês e Português) (Em progresso - Postado em episódios capítulos semanais)

As Crônicas de Alan Pierce (em progresso)

Sociedade Gringer (em progresso)


*Os últimos dois livros são parte do universo das Crônicas de Horgfell


7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?

Com certeza, planejamento é algo muito importante para o desenvolvimento de um livro ou conto. Eu particularmente tento escrever 3 vezes cada cena para ter certeza de que foi feita da melhor maneira possível.


8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?

Amostras visuais, muitas das minhas ideias vêm de imagens encontradas na web sobre monstros, relatos, crimes etc.

Na ausência de inspiração, eu acredito que a melhor ideia é sentar, ler um livro e relaxar. Em algum momento a inspiração retornará.


9. O que podemos esperar para os seus próximos livros?

A continuação da saga As Crônicas de Horgfell, onde eu irei aprofundar a história da família Keller, como tudo começou, mais sobre o universo e as aventuras de cada pessoa envolvida no universo.


10. Como você enxerga a vida dos autores no cenário político atual?

Eu vejo que o Brasil é um país que parece não oferecer muito incentivo à educação e desenvolvimento de novos autores, ao mesmo tempo que parece ter vários projetos, revistas e editoras que sempre procuram por autores nunca publicados.


11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever o primeiro livro?

Disciplina, planejamento e pesquisa são os melhores conselhos que alguém pode lhe oferecer para isso.


Brincar de Polliana


Adoro brincar de "contente"... sou uma eterna Poliana. Prefiro ver o lado bom do mundo, da vida... embora às vezes isso não seja muito fácil. Mas sempre tento. E até agora tenho tido sucesso. Afinal, o livro da vida é extenso... e procuro não avançar além da página dois...

Sempre que algo me irrita, me tira do sério... e isso acontece com todos nós, já que estamos sujeitos às flutuações do mundo, onde tudo se modifica a todo instante... tento me lembrar que nada na vida ocorre por acaso. Tudo o que acontece tem uma finalidade específica. Basta parar um pouco e analisar as situações nas quais nos envolvemos...

As mais difíceis de resolver geralmente são de âmbito familiar. Afinal, você tem que conviver com eles, já que estão ligados de tal maneira que, mesmo que tente, não é possível descartá-los... quando o incidente ocorre com conhecidos, colegas... bem, aí é mais fácil...

Qualquer coisa pode acender o estopim da fúria em nosso ser. E tudo pode desandar ao nosso redor. Afinal, nossa paciência é feita de uma essência que pode se desvanecer ao menor sopro do vento da vida... e controlar a fúria, manter a paciência em qualquer situação realmente não é fácil...

Já explodi várias vezes... e olha que tento me manter calma em todas as situações. O grande problema de perdermos a paciência com quem quer que seja é que depois que tudo passa, nada volta ao normal. E por quê? Simplesmente porque quando perdemos as estribeiras falamos o que não deveríamos, não poderíamos falar... e acabamos nos machucando mais do que o necessário... 

O problema de iniciar um conflito é que sabemos como tudo começa, mas não temos a menor ideia de como terminará. Dependendo do ritmo da conversa, as coisas podem tomar um rumo indesejável, com ofensas pesadas de ambos os lados... e de acordo com o teor dessas ofensas, o frágil tecido que une as pessoas pode se romper, principalmente se já estiver desgastado pelo tempo...

E esse é o motivo principal pelo qual eu prefiro brincar de "contente" durante a minha vida... ser Poliana me ajuda a tentar entender e relevar o meu semelhante... e me permite ser aquela pessoa calma e contida que desejo ser...

Tânia Miranda

O Verdadeiro Custo da Moda: Uma Análise do Documentário The True Cost


O documentário The True Cost (2015), dirigido por Andrew Morgan, é uma obra impactante que desvenda os bastidores da indústria da moda, explorando os custos humanos, sociais e ambientais por trás da produção de roupas em larga escala. Em um mundo onde o fast fashion domina o mercado, com marcas globais oferecendo roupas baratas e tendências rápidas, o filme levanta questões cruciais: quem realmente paga o preço por esses produtos acessíveis? Como a busca por preços baixos impacta trabalhadores, comunidades e o meio ambiente? Esta pauta jornalística propõe uma análise aprofundada do enredo do documentário, destacando suas mensagens centrais, os problemas expostos e sua relevância para o público atual.

A indústria da moda é uma das maiores do mundo, movimentando trilhões de dólares anualmente. No entanto, o modelo de produção em massa, que prioriza velocidade e baixo custo, tem consequências devastadoras. The True Cost mergulha nesse universo, entrevistando trabalhadores explorados, ambientalistas, designers éticos e executivos, além de mostrar imagens chocantes de condições de trabalho desumanas e desastres ambientais. A pauta busca não apenas resumir o enredo, mas também contextualizar os temas abordados, conectando-os a debates contemporâneos sobre sustentabilidade, direitos humanos e consumismo.

The True Cost começa com uma pergunta provocadora: como é possível que uma camiseta custe apenas alguns dólares? A resposta, como o filme revela, está na exploração sistemática de trabalhadores e no impacto ambiental negligenciado pelas grandes marcas. O documentário apresenta imagens de lojas lotadas, contrastando com cenas de fábricas superlotadas em países como Bangladesh e Camboja, onde trabalhadores, majoritariamente mulheres, ganham salários irrisórios e enfrentam condições perigosas.


Imagem: Prime Video / Reprodução

Um marco inicial do filme é o desabamento do complexo fabril Rana Plaza, em Bangladesh, em 2013, que matou mais de 1.100 pessoas e feriu milhares. Esse tragédia serve como ponto de partida para explorar como a pressão por preços baixos leva a negligências graves na segurança e nos direitos trabalhistas. O documentário humaniza as vítimas, mostrando histórias de trabalhadores que, apesar das condições adversas, dependem desses empregos para sobreviver.

O filme dá voz a trabalhadores têxteis, como Shima Akhter, uma costureira de Bangladesh que descreve jornadas exaustivas, salários insuficientes e a repressão de sindicatos. Essas histórias pessoais revelam a exploração sistemática em países em desenvolvimento, onde grandes marcas terceirizam a produção para reduzir custos. O documentário também aborda a pressão psicológica sobre os trabalhadores, que muitas vezes enfrentam abusos verbais e físicos.

Além disso, The True Cost destaca a desigualdade de gênero na indústria, já que a maioria dos trabalhadores são mulheres, muitas vezes mães solteiras, que têm poucas opções de emprego. O filme conecta essas questões a um sistema global que prioriza lucros em detrimento da dignidade humana, mostrando como o consumismo ocidental alimenta essa cadeia de exploração.

Outro pilar do documentário é o impacto ambiental da indústria da moda, considerada uma das mais poluentes do mundo. O filme explora como a produção em massa de roupas consome recursos naturais em larga escala, desde o cultivo intensivo de algodão, que exige grandes quantidades de água e pesticidas, até o descarte de roupas, que contribui para a poluição de rios e aterros. Imagens de rios contaminados por corantes químicos e comunidades afetadas por poluição são usadas para ilustrar a gravidade do problema.

The True Cost também aborda o conceito de "descartabilidade" na moda, onde roupas baratas são usadas poucas vezes antes de serem jogadas fora. Isso cria um ciclo vicioso de produção e desperdício, agravando a crise climática. O documentário entrevista ambientalistas que defendem a necessidade de reduzir o consumo e adotar práticas sustentáveis, como o uso de materiais reciclados e a valorização de roupas de segunda mão.

O filme confronta diretamente as marcas de fast fashion, como H&M e Zara, questionando suas práticas e promessas de sustentabilidade. Entrevistas com executivos mostram uma desconexão entre o discurso corporativo e a realidade nas fábricas. Enquanto algumas marcas alegam investir em melhorias, o documentário sugere que essas iniciativas são insuficientes diante da escala do problema.

Por outro lado, The True Cost apresenta alternativas éticas, como marcas que priorizam transparência, materiais sustentáveis e condições justas de trabalho. Designers como Stella McCartney e representantes de movimentos como o Fashion Revolution aparecem no filme, defendendo uma indústria mais responsável. Essas vozes oferecem esperança, mostrando que é possível alinhar moda, ética e sustentabilidade.

O documentário enfatiza que os consumidores têm um papel crucial na mudança da indústria. Ao destacar como a demanda por roupas baratas impulsiona a exploração, The True Cost incentiva o público a repensar seus hábitos de consumo. O filme sugere ações como comprar menos, escolher marcas éticas, apoiar o mercado de segunda mão e exigir transparência das empresas.

O enredo culmina em um apelo por uma revolução na moda, onde consumidores, marcas e governos trabalhem juntos para criar um sistema mais justo. A mensagem final é otimista, mas realista: a mudança é possível, mas exige esforço coletivo e comprometimento.

Os temas de The True Cost continuam extremamente relevantes em 2025, à medida que a indústria da moda enfrenta pressões crescentes para se tornar mais sustentável. Nos últimos anos, movimentos como o Fashion Revolution ganharam força, promovendo campanhas como o Who Made My Clothes? para exigir transparência. Além disso, legislações em países como a União Europeia estão começando a impor regras mais rígidas sobre práticas trabalhistas e impacto ambiental.

No entanto, o fast fashion ainda domina o mercado, com marcas como Shein e Temu atraindo consumidores com preços imbatíveis. A ascensão do comércio eletrônico e das redes sociais intensificou o ciclo de tendências rápidas, tornando a mensagem do documentário ainda mais urgente. A pauta pode explorar como o comportamento do consumidor evoluiu desde o lançamento do filme, analisando dados sobre o crescimento do mercado de roupas de segunda mão e o interesse por marcas sustentáveis.

The True Cost é mais do que um documentário; é um chamado à ação. Ao expor as consequências do fast fashion, o filme desafia consumidores, marcas e governos a repensarem o sistema atual. Esta pauta jornalística busca capturar a essência dessa mensagem, trazendo uma análise profunda e envolvente que conecta o enredo do filme a questões urgentes do nosso tempo. Com uma abordagem informativa, emocional e prática, a reportagem pode contribuir para um movimento crescente por uma moda mais justa, sustentável e humana.

[RESENHA #985] Forte como a morte, de Otto Leopoldo Winck

Foto: Colagem digital 

Uma criança alçada a santa, um padre em crise com a própria fé e uma investigação sobre a doutrina de kenosis. Um tríptico narrado a várias vozes, o novo romance de Otto Leopoldo Winck pincela uma história a partir da manhã na qual Rosália Klossosky acorda com misteriosas manchas vermelhas em ambas as mãos.

Costurando passado e presente com ecos do futuro, o autor cria uma trama que continua atual apesar de ter sido escrita há quase duas décadas. A luta por terra e moradia, os conflitos religiosos e os dramas particulares dos personagens ainda têm a mesma relevância que tinham no começo do milênio. O Brasil de ontem não é tão diferente do Brasil de hoje, afinal.


RESENHA


Na zona rural do Paraná, vivia uma família simples de origem polonesa. A filha única, que havia acabado de entrar na puberdade, acorda subitamente com os estigmas da Paixão de Cristo. Rosália, assim chamada, é levada ao centro de uma acalorada polêmica: algumas pessoas acreditam que ela é uma santa, um instrumento nas mãos de Deus; enquanto outros a veem como uma fraude ou mera superstição.


Quando certa manhã Rosália Klossosky se levantou, depois de sonhos inquietos - que sonhos, meu Deus! -, percebeu que havia uma mancha levemente rosada na palma de cada mão.


Uma hora a mãe entrou com uma terrina de sopa de beterraba, e depois de depositar o vasilhame fumegante fumegante sobre a cômoda, puxou as cobertas para acordar a filha. Foi então que viu: Rosália sangrava, nas mãos e nos pés. O lençol, a camisola, o acolchoado de penas de ganso, tudo, tudo estava empapado; até no piso de pinho sem lustro se formava uma pequena poça vermelha (p.28)


Após o ocorrido, dona Florentina, mãe de Rosália, chamara o doutor José Idelfonso Gûnther para analisar a filha. O médico cético receitou uma dieta em beterraba, cenoura e repolho, seguido de muito repouso e compressas de água nas partes. O médico era cético, mas aconselhou aos pais da garota - Florentina e Boleslau - a buscar auxílio do padre da paroquia local, padre Estanislau. 


Eu não sou católico, vocês sabem, não acredito nessas coisas. Mas, penso que seria conveniente chamar o padre para dar uma olhada (p.34).


O padre, após relutar freneticamente, decide ir até Rosália. O padre então analisou as feridas e com quem traçava uma absoluta certeza, comparou as feridas no tórax de Rosália com as causadas por uma lança ao corpo de Jesus por um soldado romano. O soldado feriu-lhe um lado com a lança / eles olharão para aqueles que o transpassaram. (p.46)


Um longo período de tempo se passa e acontecem muitas transformações nas vidas das personagens. Rosália, agora uma mulher casada e mãe de três filhos, deixou para trás os estigmas que desapareceram. Ela se encontra em um acampamento de trabalhadores rurais sem-terra em uma fazenda ocupada, onde há uma tensão no ar devido a uma liminar de reintegração de posse impetrada por um juiz. A polícia pode aparecer a qualquer momento para cumprir o mandado. Durante a confusão causada pela ação policial, ocorre uma tragédia, testemunhada por Rosália e um padre que estava assessorando o acampamento.


A história é uma descrição da desilusão da vida do padre, que o narra freneticamente. A obra então contempla três períodos distintos na narrativa: Os estigmas de Rosália, a vida de Rosália anos após o ocorrido, e claro, a vida do padre Estanislau. A forma abordada pelo autor para trabalhar as linhas temporais e as narrativas é algo singular e explicitamente enriquecedor. Forte como a morte é, como seu nome propriamente anuncia, forte e imponente.



A narrativa da obra, elaborada em terceira pessoa, ecoa entre as vozes de diversos personagens que descrevem os acontecimentos que se desenvolvem sob forte tensão e suspense. A narrativa desenvolvida por Otto trabalha as nuances de diversos personagens ao passo que narra a vida, o crescimento e os demais acontecimentos que se entrelaçam com a vida de Rosália. A obra que possui um cunho filosófico e teológico forte, traz a tona a história das observações e vivências de um Padre que observa todo o desenvolvimento da vida de Rosália, logo, ela torna-se apenas uma peça para o desenvolvimento das especulações acerca do ocorrido e de sua vida adulta sem os estigmas, que, como parece, desaparecem por completo com a mesma proporção e rapidez com a qual surgiram a primeira vez.


O AUTOR

Doutor e mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Otto Leopoldo Winck nasceu no Rio de Janeiro, capital. Depois de uma passagem por Porto Alegre, radicou-se em Curitiba. Em 2005 foi vencedor do prêmio da Academia de Letras da Bahia, com o romance Jaboc, publicado no ano seguinte pela editora Garamond. Em 2017 lançou pela Editora Appris o ensaio Minha pátria é minha língua: identidade e sistema literário na Galiza, resultado de sua pesquisa de doutorado, e no ano seguinte publicou um volume de versos, Cosmogonias, pela Kotter Editorial. Seu último romance, Que fim levaram todas as flores, saiu em 2019, numa parceria da Kotter com a Patuá. Leciona atualmente na PUCPR e no programa de pós-graduação stricto sensu da Uniandrade.

Como escreve: George Luiz, autor de evolução 2.0

Foto: o autor George Luiz
Hoje temos o prazer de conversar com George Luiz Araújo de Lemos, autor do incrível livro "Evolução 2.0 - o super-homem". Nesta obra, somos apresentados a uma sociedade futurista onde a desigualdade tecnológica é uma realidade e os acessos mais privilegiados têm modificações genéticas para aprimorar a espécie humana. Ao longo da trajetória de Frank, um homem comum em busca de mudanças, somos levados a refletir até que ponto a tecnologia pode realmente melhorar o ser humano.

George Luiz Araújo de Lemos, nascido e criado no Rio de Janeiro, mas atualmente residindo em Pernambuco, traz consigo uma diversidade de experiências e conhecimentos. Com formação em Administração, Bacharel em Sistemas de Informação e atualmente graduando em Filosofia, o autor possui uma rica bagagem que se reflete em suas obras. O livro "Evolução 2.0 - o super-homem" é seu segundo romance, lançado agora em 2021, sucedendo o sucesso de seu primeiro livro, "Os Espelhos''.

Hoje, o autor nos conta um pouco de seu processo criativo.

Foto: Acervo pessoal / reprodução


1. Quando decidiu que se tornaria um escritor?

Na adolescência. Gostava de escrever letras de música, cheguei a montar uma banda para tentar a carreira, mas não deu certo. Meu plano era ser escritor quando me aposentasse da música, porém tive que mudar os planos.

2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?

"Os espelhos" que conclui e lancei em 2016. Mas o primeiro livro que comecei a escrever, acabei não terminando.Era sobre a terceira guerra mundial, porém acabei desistindo do assunto.  

3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?

Os temas são totalmente aleatórios, não planejo. Já o enredo eu simplesmente começo a imaginar a parte principal da história do protagonista pouco a pouco. Então quando começo a escrever, preencho com detalhes.

4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?

O autor que mais me influencia sem dúvida é Kafka.

5. Existe algum ritual para se escrever um livro? Qual funciona para você?

Não, acho que cada escritor precisa encontrar a sua própria maneira de escrever. Gosto de escrever no máximo umas duas paginas por dia.

6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?

"Os Espelhos" e "Evolução 2.0 - o super-homem". O segundo foi mais difícil, pois tive que pesquisar bastante para poder amarrar vários assuntos.

7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?

Sim. Antes de começar a escrever a história, escrevo uma sinopse super sintética do livro e vou me guiando por ela.

8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?

Não tenho nada específico para a criação. Ela é aleatória. As vezes escrevo todos os dias ou posso ficar uma semana sem fazer nada. Acho que a inspiração é a menor parte do trabalho. Ela é como um recheio de um doce saboroso, não está lá na maior parte do tempo, mas tudo gira ao redor dela.

9. O que podemos esperar para os seus próximos livros?
Temas diferentes. Não gosto de ficar escrevendo sobre a mesma coisa.

10. Como você enxerga a vida dos autores no cenário político atual?

Toda época possui temas proibidos e quem dá as cartas sobre isso são os grupos que possuem o poder em certos setores da sociedade. Cada autor de cada época precisa sempre se ater a isso.

11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever o primeiro livro?

1-Se for aqui no Brasil, faça por amor. Não há grande retorno financeiro.
2- Escrever é só uma parte do processo. Divulgar a obra é tão importante quanto criá-la.

[RESENHA #984] Destino Varanasi, de Patrícia Ruhman Seggiaro

SINOPSETudo o que acontece tem um sentido? Até que ponto podemos influenciar o nosso destino? Devemos aceitá-lo para atingir certa paz e, talvez, também a felicidade? Nina, brasileira, inicia uma viagem à Índia, desejando esquecer um passado perturbador e retomar o controle de sua vida. Um fotógrafo argentino, Pedro, viaja ao subcontinente para concretizar um projeto junto a Noah, escritor e jornalista israelense. Enquanto Noah anseia curar traumas de guerra, Pedro luta contra seus fantasmas pessoais. Mas a Índia recebe os peregrinos com seus próprios planos. Ao trio de viajantes, se somará Vishnu, indiano que Nina conhece assim que chega a Mumbai e que lhe transmite as tradições de seu país, misteriosamente próximas à sua alma. Cidade após cidade, os viajantes descobrirão um povo de costumes fascinantes. Quando os quatro caminhos confluírem em Varanasi e no Ganges imortal, cada um deles levará uma oferenda para encontrar o sentido de sua própria busca. As palavras de Borges, assim como as de Gandhi e de Buda, encontram em Destino Varanasi um eco longínquo, que a autora nos aproxima sob a forma deste romance cativante, que propõe uma maravilhosa aventura de autoconhecimento.


RESENHA


"Destino Varanasi" é um romance de estreia da escritora e advogada Patricia Ruhman Seggiaro, que narra a história de Nina, Pedro, Noah e Vishnu, quatro personagens cujos caminhos se cruzam na Índia. Cada um deles possui seus objetivos e motivações pessoais para viajar para este país tão fascinante.

A autora utiliza uma rica descrição da Índia desde o início da narrativa, apresentando ao leitor um país repleto de cores, aromas e sabores. Através dessa ambientação detalhada, somos transportados para as cidades caóticas como Déli e Mumbai, os monumentos históricos como Chand Baori e as cavernas de Ajanta e Ellora, e as regiões exóticas do Rajastão. A autora demonstra um profundo conhecimento e apreço pela cultura e religiosidade locais, o que enriquece ainda mais a história.

Ao longo da jornada dos personagens, o leitor acompanha não apenas suas experiências na Índia, mas também uma profunda reflexão sobre a busca por um sentido de vida e a superação de traumas pessoais. A autora explora a ideia de que o destino possui um propósito e busca questionar até que ponto nós podemos influenciar em nosso próprio destino. Através das experiências vividas pelos personagens, Patricia Ruhman Seggiaro provoca uma reflexão sobre a aceitação e a busca pela felicidade em meio às adversidades.

O romance se destaca pela sua narrativa fluida e envolvente, que mescla a história dos personagens principais com a história da Índia e suas tradições milenares. A autora utiliza a viagem como um elo entre os personagens e a cultura indiana, explorando os ensinamentos espirituais e as diferenças culturais que eles encontram ao longo do caminho.

"Destino Varanasi" é um livro que vai muito além de uma simples história de viagem. É uma obra que nos convida a refletir sobre o sentido da vida, a importância da superação e a busca pela felicidade. Com uma narrativa envolvente e uma ambientação rica em detalhes, Patricia Ruhman Seggiaro nos presenteia com uma história única e cativante. Certamente, seu romance de estreia é um grande sucesso e uma leitura imperdível para os apaixonados por literatura e pela cultura indiana.


Sobre a autora

Patricia Ruhman Seggiaro nasceu em 1965 em São Paulo, Brasil, onde passou a sua infância e juventude. Viveu alguns anos em Londres e Nova York, com seu marido, antes de se estabelecer na Argentina, onde reside com seus filhos e seu cachorro nos arredores de Buenos Aires. Advogada, é apaixonada pela literatura, pela história, pela arte, o contato diário com a natureza, a natação e a ioga.

Destino Varanasi é o seu primeiro romance, já publicado na Argentina em espanhol e disponível como Camino a Varanasi.

[RESENHA #983] Pedro vira porco-espinho, de Janaina Tokitaka


ISBN-13: 9788561695590 ISBN-10: 8561695595 Ano: 2017 Páginas: 32 Idioma: Português Editora: Jujuba

SINOPSE: Que tal discutir com as crianças de onde vêm as emoções? Do que se alimenta a raiva? Por que estamos calmos e de repente - pum - não estamos mais? A autora Janaina Tokitaka conta a história de Pedro, um menino comum que vai levando a vida em suas rotinas de criança. Porém, quando uma dessas coisas não acontece como ele espera, Pedro vira porco-espinho. Com uma metáfora sutil e divertida sobre as transformações do humor e as sensações que experimentamos na vida - que muitos pais podem chamar de 'birra' ou 'manha', o livro convida o pequeno leitor a refletir sobre a origem dos sentimentos.


RESENHA


"Pedro Vira Porco-Espinho" é um livro encantador que nos convida a explorar as complexidades das emoções e a maneira como elas nos afetam. Com uma narrativa envolvente e tocante, a autora Janaina Tokitaka nos apresenta Pedro, um menino comum que vivencia as alegrias e as frustrações do dia a dia. No entanto, quando algo não sai como o esperado, algo mágico acontece: Pedro se transforma em um porco-espinho. Essa metáfora sutil e divertida nos instiga a refletir sobre a origem de nossos sentimentos e como eles podem nos transformar rapidamente. Através dessa história cativante, Tokitaka nos convida a conversar com as crianças sobre a importância de compreender e expressar nossas emoções de maneira saudável. Por isso, convido você a embarcar nessa aventura emocional e descobrir junto com Pedro todos os segredos por trás dos nossos sentimentos.

O livro é uma iniciativa do Itau Cultural na ação Leia com uma criança. No site, há diversos livros animados que podem ser baixados ou lidos online para uma criança. As histórias são carregadas de lições de vida e possuem um enredo acessível e claro com uma história curta de poucas páginas, mas bastante práticas na adoção de práticas docentes.

O que são as abordagens didáticas na prática docente?

Foto: FORME

As abordagens didáticas na prática docente são estratégias e métodos utilizados pelos professores para promover a aprendizagem dos alunos. Essas abordagens visam facilitar a assimilação dos conteúdos, estimulando o interesse e a participação ativa dos estudantes. Elas são fundamentais para enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, tornando-o mais dinâmico e eficaz. Neste artigo, discutiremos o conceito e a importância das abordagens didáticas, explorando algumas das principais estratégias utilizadas pelos professores para engajar e motivar os alunos no processo de ensino. Existem diversas abordagens didáticas que os professores podem utilizar na sua prática docente, dependendo do contexto e dos objetivos de ensino. Alguns exemplos são:

1. Abordagem tradicional: Nessa abordagem, o professor é o centro do processo de ensino, transmitindo os conteúdos de forma expositiva, com foco na memorização e repetição. É um modelo mais formal e hierárquico, com pouca participação dos alunos.

2. Abordagem construtivista: Nessa abordagem, o aluno é protagonista do seu aprendizado, sendo incentivado a construir o conhecimento a partir das suas próprias experiências e interações com o ambiente e com os outros alunos. O professor atua como mediador, estimulando o pensamento crítico e a reflexão.

3. Abordagem interdisciplinar: Nessa abordagem, os conteúdos são tratados de forma integrada, explorando as conexões entre diferentes disciplinas. O objetivo é proporcionar aos alunos uma visão mais ampla e contextualizada do conhecimento, estimulando a interdisciplinaridade.

4. Abordagem socioconstrutivista: Nessa abordagem, valoriza-se a interação entre os alunos e a construção coletiva do conhecimento. O professor cria situações de aprendizagem colaborativas, estimulando a troca de ideias, debates e trabalhos em grupo.

5. Abordagem lúdica: Nessa abordagem, são utilizados jogos, brincadeiras e atividades lúdicas como estratégias de ensino. O objetivo é tornar o aprendizado mais motivador e prazeroso, favorecendo a participação e o engajamento dos alunos.

Essas são apenas algumas das abordagens didáticas existentes e os professores podem combinar diferentes abordagens de acordo com as características da turma e dos objetivos de ensino. O importante é encontrar maneiras de tornar o processo de ensino e aprendizagem mais significativo e estimulante para os alunos.

Didática

A didática em sala de aula refere-se às estratégias e abordagens utilizadas pelos professores para facilitar a aprendizagem dos alunos. Ela envolve a seleção e organização de conteúdos, métodos de ensino, uso de recursos didáticos, interação entre professor e alunos, entre outros aspectos.

Existem várias abordagens didáticas que são comumente usadas pelos professores. Algumas das mais frequentes são:

1. Aula expositiva: é uma das formas mais tradicionais de ensino, na qual o professor apresenta oralmente conteúdos para os alunos. Nesse formato, o professor é o centro do ensino, transmitindo informações de forma direta.

2. Aula dialogada: nessa abordagem, o professor estimula a participação dos alunos em um diálogo conjunto. Os alunos são envolvidos na discussão do conteúdo, fazendo perguntas, expondo ideias e contribuindo para a construção do conhecimento.

3. Aprendizagem baseada em problemas: nesse método, os alunos são expostos a situações-problema que requerem a aplicação do conhecimento. Eles são incentivados a trabalhar em equipe para buscar soluções, o que promove a autonomia e a construção do conhecimento.

4. Aprendizagem cooperativa: essa abordagem enfatiza o trabalho em grupo como forma de aprender. Os alunos são divididos em equipes e trabalham juntos para atingir objetivos comuns. Isso estimula a cooperação, a troca de ideias e o desenvolvimento de habilidades sociais.

5. Ensino por projetos: nessa estratégia, os alunos desenvolvem projetos que envolvem a aplicação prática do conhecimento adquirido. Esses projetos podem abordar temas diversos e permitem que os alunos trabalhem de forma investigativa, promovendo a aprendizagem significativa.

6. Tecnologia na educação: o uso de recursos tecnológicos, como computadores, tablets e softwares educativos, tem se tornado cada vez mais comum nas salas de aula. Essa abordagem permite que os alunos tenham acesso a diferentes recursos de aprendizagem, estimulando a interação e a descoberta.

É importante ressaltar que a escolha da abordagem didática deve considerar não apenas o conteúdo a ser ensinado, mas também as características dos alunos e o contexto em que a aprendizagem ocorre. Cada abordagem possui vantagens e desvantagens, e cabe ao professor selecionar aquela mais adequada para o objetivo de ensino proposto.

As abordagens pedagógicas 

As abordagens pedagógicas tradicionalista, comportamental, humanista, cognitivista, histórico-crítica, libertadora e libertária são diferentes maneiras de entender e aplicar a educação, cada uma com suas perspectivas e ênfases em relação ao processo de ensino-aprendizagem.

A abordagem pedagógica tradicionalista é baseada na transmissão de conhecimento de forma autoritária e unidirecional, em que o professor é o detentor do conhecimento e o aluno é visto apenas como receptor passivo. Há uma ênfase na memorização e repetição de informações, e pouca valorização da participação ativa dos estudantes.

A abordagem comportamental, também conhecida como behaviorismo, considera o comportamento observável como o foco principal da educação. Baseia-se no estímulo-resposta, em que o professor apresenta estímulos, como instruções e experiências de aprendizagem, e os alunos respondem a esses estímulos por meio de comportamentos desejados. O objetivo é moldar comportamentos por meio de recompensas e punições.

A abordagem humanista coloca o ser humano no centro do processo educativo, valorizando suas emoções, experiências e interesses. Acredita-se que o aluno deve ser protagonista de sua própria aprendizagem, tendo liberdade para explorar e expressar suas ideias. O professor é visto como um facilitador, oferecendo apoio e incentivando o desenvolvimento integral do aluno.

A abordagem cognitivista concentra-se nos processos mentais envolvidos na aprendizagem, como a percepção, memória, pensamento e resolução de problemas. Essa abordagem busca compreender como o aluno processa e interpreta as informações, dando ênfase ao desenvolvimento de habilidades cognitivas complexas, como análise, síntese e avaliação.

A abordagem histórico-crítica baseia-se na análise social, política e econômica das relações de poder presentes na educação. Ela busca conscientizar os alunos sobre as desigualdades sociais e injustiças presentes na sociedade, incentivando a reflexão crítica e a transformação social.

A abordagem libertadora, desenvolvida pelo educador brasileiro Paulo Freire, tem como objetivo principal emancipar os indivíduos por meio da educação. Ela enfatiza a problematização da realidade vivida pelos alunos, incentivando o diálogo e a participação ativa. A intenção é que os estudantes se tornem sujeitos críticos e reflexivos, capazes de agir e transformar a sociedade.

A abordagem libertária defende a liberdade total no processo educativo, em que os alunos têm autonomia para escolher o que e como aprender. Desenvolve-se a partir do princípio de que a educação deve ser voluntária e não hierárquica, permitindo que as crianças e jovens explorem seus interesses individuais e se envolvam em atividades autodirigidas.

Cada abordagem pedagógica possui características e princípios distintos, refletindo diferentes concepções de educação e necessidades específicas dos estudantes. É importante compreender essas abordagens para poder escolher e aplicar estratégias pedagógicas adequadas, visando promover um aprendizado significativo e construtivo.

[RESENHA #982] Norton, de T.R. Sacoman

Norton é um garoto que, como toda criança nascida no início da década de 1980, gosta de jogar bola na rua com os colegas, subir nas árvores da praça e olhar as estrelas, mas que vê sua vida mudar quando, aos sete anos, ouve seu avô chamá-lo de “mariquinhas”.

Entre a descoberta do significado dessa palavra e o entendimento de seus sentimentos, Norton travará uma luta contra quem ele realmente é. Na tentativa de atender às expectativas de sua família, irá magoar a si e aos amigos mais próximos, até descobrir o verdadeiro amor.

Uma história emocionante de descobertas e de busca por identidade numa época em que ser diferente era arriscar a própria existência. Mas o que é a vida senão um grande risco?


RESENHA


Norton é um livro interessante em sua premissa, mas, que, infelizmente, não se destaca muito dos outros livros do mesmo gênero. O autor busca em seu livro com 396 páginas desenvolver a caminhada da história de Norton, desde a descoberta de sua sexualidade até a chama do primeiro amor. Norton mora com seus pais, ele é descrito um garotinho meigo e atencioso, o que acaba provocando em sua mãe pensamentos de que, talvez, seja necessário fazer algo a respeito, uma vez, que, ele precisava ser influenciado por hábitos de homens, dentre outras coisas que estamos habituados à ouvir em relação à descoberta da sexualidade. O comportamento da mãe rente ao filho desperta comentários na família que se torna ainda mais incomodada com o filho pelas diversas conversas que pairam no ar sobre o fato de Norton andar rodeado de garotas e gostar de fofocar, como diz sua mãe. O pai de Norton é o típico pai que não quer acreditar em nada do que estão espalhando, então, desta forma,  ele busca inserir o garoto em seu dia-a-dia para apresentar à ele o universo masculino com mais afinco, como leva-lo para assistir um jogo de futebol em sua companhia, o que faz Norton querer entrar em um time de basquete, uma vez, que, seu pai acha, que, de alguma forma, seria um esporte de homem.


Deixando um pouco de lado a vida de Norton com a família, do outro lado, temos a vida escolar de Norton que é rodeada de preconceito, chacotas e abusos. Norton possui algumas amigas com nomes peculiares: a Rê, a Lu, e a outra Lu, Lu R. A partir deste ponto, o autor trabalha a proximidade entre os personagens e os encontros fomentados pela sexualidade entre Norton e seu primo Caio. Caio é descrito como uma figura masculina respeitada pela mãe de Norton, por sempre estar acompanhado de uma garota diferente. Caio é enrustido, e abusa de Norton em diversos momentos da narrativa. Norton chora em todos os encontros, mas, pasmem, ele acaba gostando (uma narrativa problemática que levanta questões e debates acerca da existência de que, talvez, ele só seja gay por ter sido, em síntese, fruto de abuso).


Norton estava com raiva. E nojo. Caio havia abaixado suas calças, deixando seu pau à mostra. Ereto. Duro. [...]

- Não precisa chorar. É só um beijinho! Além disso, eu disse que faríamos coisas de homem. Homens brincam com outros homens, só não beijam na boca. Eu e seu irmão brincamos sempre.

Caio colocou as mãos dentro das calças de Norton. Palpou-lhe. Lágrimas corriam pelo seu rosto. Caio ria. Parecia estar se divertindo com a situação. Mais do que isso, parecia gostar do que estava fazendo.

- Vamos, faz em mim também. Vamos fazer juntos.

Norton obedeceu. Apesar do medo que sentia de ser pego e do ódio que nutria por Caio, a sensação do toque da mão do primo era agradável. [...] Norton sentiu, pela primeira vez, a sensação do gozo. Era bom.


Após este encontro, a insistência de Caio e de uma de suas amigas, Rê, em ficar com Norton são latentes e nojentas. Ela sabe que ele é gay, mas suas insistência doentia em querer-lhe é algo extremamente estranho, sobretudo, se levarmos em consideração de que eram amigos de longa data. Caio, primo, namorava e insistia freneticamente usando o discurso de amar Norton para possuí-lo novamente. A narrativa segue acrescentando novos personagens, novos garotos, novos romances, e novos relacionamentos que se desfazem por conta de segredos, intrigas e revelações. Caio chega defender Norton de um outro rapaz, Fernando, de uma nova tentativa de abuso, sob a justificativa, claro, de amor.


O autor também realiza a introdução de uma outra figura na narrativa, Hugo. Norton o conhece no time de basquete e eles desenvolvem uma química, que em suma, é interessante, eu diria que é o melhor ponto da narrativa de toda obra. Hugo namora uma moça de nome Lívia. Apesar do bullying sofrido por Hugo, a narrativa ganha forma com a evolução das conversas e da forma como o autor construiu a revelação da sexualidade de Hugo. A obra se finaliza com um final que deixa possibilidades para uma continuação. Espero eu, que, nesta nova obra, o autor trabalhe um relacionamento mais maduro e menos repleto de tantos tabus relacionados ao meio gay. A questão da família de Norton também é muito bem elaborada e toda ausência de apoio da família é apenas um quadro frequente do que a maioria dos gays passam em casa ao se revelarem ou demonstrarem diferentes dos outros garotos.



Ah, e a diagramação da obra está impecável. 
 Adquira o livro no site oficial da editora Flyve: https://flyve.com.br/387/norton
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