Resenha: Romanceiro da inconfidência, de Cecília Meireles


APRESENTAÇÃO 

Os poemas aqui reunidos – cada qual com vida própria – formam um longo e único poema, lírico e épico ao mesmo tempo em que conta a história de Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira. Elaborado por meio de uma profunda pesquisa, a conspiração revolucionária de poetas é recriada com maestria pela imensa poeta Cecília Meireles.

A mim, o que mais me doera,

se eu fora o tal Tiradentes,

era o sentir-me mordido

por esse em quem pôs os dentes.

Mal-empregado trabalho,

na boca dos maldizentes! 

[…]

RESENHA

"Romanceiro da Inconfidência" é uma obra poética da renomada escritora brasileira Cecília Meireles, publicada em 1953. Este livro apresenta uma rica narrativa que abrange a história de Minas Gerais, desde os primórdios da colonização no século XVII até a Inconfidência Mineira, evento de grande relevância que ocorreu no final do século XVIII na então Capitania de Minas Gerais. Através de 85 "romances", acompanhados por quatro "cenários" e outros textos que compõem o prólogo e o êxodo, Cecília Meireles evoca a realidade da escravidão dos africanos na região central do planalto, retratando episódios relacionados à exploração do ouro e dos diamantes que marcaram o século XVIII.

O livro traça um panorama que começa na colonização do século XVII e culmina na Inconfidência Mineira, um movimento de insurreição contra o domínio colonial português. A poetisa consegue, com maestria, transformar eventos históricos em poesia, dando voz a personagens que transcendem o tempo e o espaço, permitindo que o leitor sinta a força das narrativas que envolvem a exploração do ouro, a opressão da escravidão e a busca por liberdade.

Cecília Meireles utiliza uma linguagem rica e musical, que capta a essência da cultura e da paisagem mineira. Seus versos são impregnados de lirismo e profundo significado, revelando uma sensibilidade aguçada para as questões sociais e históricas. A obra não se limita a uma simples crônica; é um convite à reflexão sobre a identidade nacional e os valores que moldaram o Brasil.

O poema "Fala inicial", presente na obra "Romanceiro da Inconfidência" de Cecília Meireles, é uma reflexão profunda e angustiante sobre a condição humana, a memória histórica e a luta por liberdade em um contexto de opressão e esquecimento. Através de suas imagens vívidas e linguagem poética, Meireles nos transporta para um espaço onde as emoções e as realidades sociais se entrelaçam, revelando a complexidade da experiência humana diante da injustiça. Logo no início do poema, a poetisa expressa sua incapacidade de "mover os passos" em um "labirinto de esquecimento e cegueira". Este labirinto simboliza não apenas a confusão da memória histórica, mas também a alienação que permeia a sociedade. A menção a "amores e ódios" sugere a dualidade da experiência humana, onde sentimentos intensos coexistem em um contexto de sofrimento.

O poema "Romance I ou Da revelação do ouro", é uma rica e complexa reflexão sobre a busca incessante pelo ouro e suas consequências devastadoras na vida dos indivíduos e na natureza. Meireles utiliza uma linguagem vívida e simbólica para retratar a ambição humana, a exploração e a degradação que acompanham a descoberta de riquezas naturais. O poema inicia-se com uma descrição do ambiente natural, onde a fauna e a flora se entrelaçam com a presença de "um povo desgrenhado". Essa introdução estabelece um contraste entre a beleza do sertão americano e a condição precária dos homens que o habitam. O uso de imagens como "pássaros em fuga" e "fugitivos riachos" sugere um cenário de movimento e instabilidade, refletindo a inquietação dos exploradores e a tensão que permeia a busca por riqueza.

O poema "Romance XIV ou Da Chica da Silva", é uma homenagem à figura emblemática de Chica da Silva, uma mulher negra que se destacou na sociedade colonial brasileira do século XVIII, especialmente na região do Serro Frio, em Minas Gerais. Através de uma linguagem rica e musical, Meireles constrói uma narrativa que exalta a força e a singularidade desta personagem, ao mesmo tempo que critica as hierarquias sociais e raciais da época. Desde a abertura do poema, a poetisa estabelece um cenário vibrante, localizado "lá para os lados do Tejuco", onde os diamantes transbordam do cascalho. Essa descrição não apenas contextualiza o ambiente de riqueza mineral, mas também sugere a abundância e a opulência que cercavam a vida de Chica da Silva. A repetição do nome "Chica da Silva" e o epíteto "Chica-que-manda" reforçam sua posição de poder e influência, destacando como ela se tornou uma figura central na sociedade, desafiando as convenções de sua época.

O poema "Romance XXVIII ou Da denúncia de Joaquim Silvério", de Cecília Meireles, é uma crítica contundente à traição, à ambição desmedida e à moralidade questionável que permeiam as relações sociais e políticas, especialmente no contexto da Inconfidência Mineira. Através de uma linguagem rica e simbólica, Meireles constrói uma narrativa que revela a complexidade da figura de Joaquim Silvério, um delator que se aproveita da situação de crise para beneficiar-se. A obra começa com a imagem do "Palácio da Cachoeira", onde Joaquim Silvério se prepara para redigir sua carta de denúncia. A escolha do cenário é significativa, pois o palácio representa o poder e a opressão, enquanto a carta simboliza a traição e a delação. O verso "com pena bem aparada" sugere a frieza e a premeditação do ato, como se Silvério estivesse se preparando cuidadosamente para executar sua traição.

O poema "Romance LIII ou Das palavras aéreas" de Cecília Meireles é uma profunda reflexão sobre a natureza e o poder das palavras, explorando sua dualidade como ferramentas de criação e destruição. Através de uma linguagem lírica e musical, Meireles destaca a fragilidade e a força das palavras, revelando como elas moldam a experiência humana e as estruturas sociais. A transição entre a leveza e a gravidade é uma característica marcante do poema. As palavras são descritas como "tênue seda", mas também como "ferro que arrocha", mostrando sua dualidade. Elas são capazes de criar beleza e esperança, mas também dor e sofrimento. O verso "sois um homem que se enforca" é uma conclusão impactante que revela o potencial destrutivo das palavras, simbolizando a desesperança e o desespero que podem resultar da linguagem mal utilizada.

Os poemas analisados, como "Fala inicial", "Romance I ou Da revelação do ouro", "Romance XIV ou Da Chica da Silva", "Romance XXVIII ou Da denúncia de Joaquim Silvério" e "Romance LIII ou Das palavras aéreas", demonstram a versatilidade de Meireles e seu compromisso com questões sociais e históricas. Cada um deles oferece uma perspectiva única sobre a luta pela liberdade, a ambição desmedida e a fragilidade das palavras, mostrando como a linguagem pode ser um instrumento de poder e transformação. A obra é, portanto, não apenas um relato histórico, mas um convite à introspecção e à crítica social. Meireles, com sua sensibilidade aguçada, nos leva a repensar o passado e suas implicações no presente, ressaltando a importância da memória e da palavra na construção de um futuro mais justo.

Resenha: Band of Brothers, de Stephen E. Ambrose


APRESENTAÇÃO

A Easy Company, 506º Regimento de Infantaria Pára-Quedista do Exército Norte-Americano, foi uma das melhores companhias de fuzileiros do mundo. Band of brothers é o relato sobre os homens dessa unidade que combateram, passaram fome, sofreram com o frio e morreram. Uma equipe que teve 150% de baixas e considerava a medalha Purple Heart um distintivo. Baseando-se em horas de entrevistas com sobreviventes, bem como nos diários e nas cartas dos soldados, Stephen Ambrose conta a história desse notável grupo, que sempre recebia as missões mais difíceis, sendo responsável por tudo, do salto de pára-quedas na França nas primeiras horas da manhã do Dia D à captura do Ninho da Águia, a fortaleza de Hitler em Berchtesgaden. De seu rigoroso treinamento na Geórgia, em 1942, ao Dia D e à vitória dos Aliados, Ambrose teceu uma narrativa primorosa, com riqueza de detalhes, sobre as características dos soldados de infantaria de elite, transcrevendo no decorrer da obra as próprias palavras e depoimentos dos combatentes, o que dá mais veracidade à trama. O livro de Stephen Ambrose também foi para as telas da TV, pela HBO, em 2001. A idéia de produzir a série surgiu após Tom Hanks e Steven Spielberg terem filmado O Resgate do Soldado Ryan (1998). Os dois tinham projetos para novas produções sobre a Segunda Guerra Mundial e decidiram trabalhar juntos novamente em Band of Brothers, minissérie em 10 capítulos. O resultado foi uma superprodução de US$ 120 milhões — a mais cara da história da TV. A minissérie foi a grande vencedora do Oscar da TV norte-americana, com nada menos que seis troféus, entre eles o de Melhor Direção (Tom Hanks foi um dos diretores). Além de ter sido a vencedora na categoria Minissérie, venceu ainda os prêmios de Melhor Edição de Imagem, Edição de Som, Mixagem de Som e Seleção de Elenco. Fora o Emmy, conquistou o Globo de Ouro e o prêmio do AFI (American Film Institute) como Minissérie do Ano.

RESENHA

Band of Brothers, escrito por Stephen E. Ambrose e publicado em 1992, é uma obra não apenas envolvente, mas também profundamente significativa que narra a história da Companhia Easy, um batalhão da 506ª Regimento de Paraquedistas da 101ª Divisão Aerotransportada dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Através de uma pesquisa meticulosa e entrevistas com veteranos, Ambrose oferece um relato vívido e humano das experiências dos soldados que enfrentaram os horrores da guerra, desde o treinamento intenso em Camp Toccoa até os combates na Normandia e na Alemanha.

A narrativa é estruturada de forma a seguir a trajetória da Companhia Easy, destacando não apenas os eventos históricos, mas também os laços de camaradagem e amizade que se formaram entre os soldados. Ambrose consegue retratar a individualidade de cada personagem, dando vida a figuras como o tenente Richard Winters, que se destacou por sua liderança e coragem, e os desafios enfrentados por homens comuns que foram colocados em circunstâncias extraordinárias.

Uma das características mais marcantes do livro é a abordagem humanista de Ambrose. Ele não se limita a descrever as táticas militares e as batalhas; ao invés disso, mergulha no aspecto emocional e psicológico da guerra, explorando como os soldados lidaram com o medo, a perda e a camaradagem. Através de relatos em primeira mão, o autor captura a essência da experiência militar, criando uma conexão profunda entre o leitor e os protagonistas da história. O estilo de escrita de Ambrose é ágil e acessível, permitindo que mesmo aqueles sem formação em história militar possam se envolver na narrativa. Ele utiliza uma prosa clara e envolvente, cheia de detalhes que tornam as cenas de combate e os momentos de tensão ainda mais impactantes. Os diálogos autênticos e as descrições vívidas transportam o leitor para o campo de batalha, permitindo uma compreensão mais profunda do sacrifício e da resiliência dos soldados.

Além do foco na Companhia Easy, "Band of Brothers" também contextualiza a importância do esforço de guerra americano na Europa, destacando como a luta contra o totalitarismo foi uma batalha coletiva. O livro serve como um tributo não apenas aos homens da Easy, mas a todos os que lutaram e sacrificaram suas vidas durante a guerra, reafirmando a importância da memória histórica. A obra também ganhou notoriedade ao ser adaptada para uma minissérie produzida pela HBO, o que ampliou ainda mais seu alcance e impacto cultural. A série trouxe à tona a história de Ambrose para um público mais amplo, e sua fidelidade ao material original ajudou a solidificar a importância da Companhia Easy na memória coletiva da Segunda Guerra Mundial.

“Band of Brothers” é uma narrativa que traça a trajetória da Companhia E, 506º Regimento de Infantaria Pára-quedista da 101ª Divisão Aerotransportada do Exército Americano, desde seu treinamento inicial em Toccoa até suas experiências em combate durante a Segunda Guerra Mundial. O texto, extraído de "Band of Brothers" de Stephen E. Ambrose, explora a diversidade dos soldados, que vieram de diferentes origens sociais e educacionais, e como essa variedade se uniu em prol de um objetivo comum.

No verão de 1942, a Companhia E foi formada por homens de várias partes dos Estados Unidos, incluindo fazendeiros, estudantes universitários e veteranos, todos com um forte desejo de se tornarem pára-quedistas. O treinamento em Toccoa era rigoroso e desafiador, exigindo resistência física e determinação. Os soldados enfrentaram desafios extremos, como marchas longas e exercícios físicos intensos, que os prepararam para o combate que se aproximava. Ambrose descreve como, apesar das dificuldades impostas pelo comandante Sobel, que era temido e odiado, a adversidade ajudou a unir a companhia. Os laços de camaradagem se formaram em meio ao sofrimento e à disciplina, criando uma verdadeira irmandade entre os soldados. Os pára-quedistas se destacaram por sua determinação em resistir e superar os desafios, desejando conquistar as insígnias de pára-quedista que simbolizavam sua elite.

Após o treinamento em Toccoa, a Companhia E avançou para a Escola de Pára-quedismo em Fort Benning, onde experimentaram a emoção e o medo do salto. O texto retrata a ansiedade e a excitação dos soldados antes do primeiro salto, culminando em um sentimento de realização ao receber as asas de pára-quedista. Essa conquista simbolizou não apenas a superação de desafios físicos, mas também a formação de uma identidade coletiva forte.

"Conhecendo o Inimigo" descreve as experiências da Companhia E, 506º Regimento de Infantaria Pára-quedista, durante sua ocupação na Alemanha entre abril de 1945. O texto explora como os soldados americanos reagiram ao contato com o povo alemão, revelando um espectro de sentimentos que variavam desde a aversão até a simpatia. Muitos soldados, inicialmente influenciados por preconceitos, acabaram encontrando nos alemães um povo disciplinado, trabalhador e educado, além de se impressionarem com a qualidade de vida que encontraram nas casas alemãs, que contrastava com suas experiências em outros países europeus.

Os soldados frequentemente se hospedavam em lares alemães, desfrutando de conforto e hospitalidade, o que os levava a formar uma conexão inesperada com o povo. Embora houvesse uma política de não-confraternização, a natureza humana prevaleceu, resultando em interações que desafiavam as ordens superiores. Ainda assim, alguns membros da Companhia E, como Webster, mantiveram uma visão cética, considerando os alemães como nazistas e responsáveis pelas atrocidades da guerra. A narrativa inclui a descrição de eventos trágicos, como a morte de soldados em patrulhas devido a erros de comunicação, e as dificuldades enfrentadas em um ambiente militar em colapso.

O livro ainda aborda a vida dos veteranos da Companhia E após o término da Segunda Guerra Mundial, entre 1945 e 1991. O texto destaca o impacto duradouro da guerra em suas vidas, incluindo as perdas e ferimentos sofridos por muitos membros, além do trauma emocional que carregaram. Apesar das dificuldades, os ex-combatentes estavam determinados a reconstruir suas vidas e aproveitar as oportunidades oferecidas pela Bill of Rights dos veteranos, que lhes permitiu acessar educação e novos empregos.

A narrativa inclui histórias pessoais de veteranos, como Walter Gordon, que, após ficar paralisado, se tornou advogado; Joe Toye, que enfrentou as consequências de suas feridas; e outros que seguiram carreiras bem-sucedidas em diversas áreas, incluindo educação, construção e serviço público. Alguns membros, como Dick Winters, tornaram-se líderes respeitados, enquanto outros, como Herbert Sobel, enfrentaram dificuldades emocionais e se afastaram da vida militar. O texto também reflete sobre as relações formadas entre os veteranos, que continuaram a se reunir e a manter contato ao longo dos anos. A amizade e a solidariedade entre eles foram aspectos fundamentais de suas vidas pós-guerra, permitindo que compartilhassem experiências e apoiassem uns aos outros.

O contato com prisioneiros de guerra e a visita a um campo de concentração revelaram as brutalidades do regime nazista, provocando reflexões profundas nos soldados sobre a moralidade da guerra e a condição humana. Ao final do texto, os soldados estavam cientes de sua missão, percebendo a importância de sua presença na libertação do povo oprimidoA narrativa também destaca as experiências em combate da Companhia E, que se destacou em várias batalhas significativas, incluindo o Dia D e a Batalha das Ardenas, onde demonstraram bravura e resiliência. A jornada dos pára-quedistas, desde os duros treinos até os horrores da guerra, é uma poderosa representação da coragem humana e da força dos laços formados em tempos de adversidade.Em suma, "Band of Brothers" é uma leitura essencial para aqueles interessados na história militar, mas, mais importante, é uma homenagem ao espírito humano diante da adversidade. Através da narrativa poderosa de Stephen E. Ambrose, o livro não apenas documenta os eventos históricos, mas também celebra a amizade, a coragem e o sacrifício, fazendo dele uma obra atemporal que ressoa com todos que buscam entender a complexidade da guerra e da condição humana.

"Band of Brothers", de Stephen E. Ambrose, é uma obra monumental que transcende a mera narrativa histórica da Segunda Guerra Mundial. Com uma pesquisa meticulosa e relatos de veteranos, Ambrose não apenas documenta os eventos que moldaram a Companhia Easy, mas também capta a essência da experiência humana em tempos de conflito. Ele transforma os soldados em personagens tridimensionais, revelando suas lutas, medos e a profunda camaradagem que se formou entre eles. A habilidade do autor em entrelaçar a história militar com as emoções e experiências pessoais dos soldados é o que torna este livro tão impactante. Através de suas páginas, somos convidados a entender não só as táticas e batalhas, mas também o custo humano da guerra — os ferimentos, as perdas e a resiliência que esses homens demonstraram. Ambrose nos apresenta uma reflexão sobre a amizade e a solidariedade, que perduraram muito além do campo de batalha.

Resenha: A caminho de macondo, de Gabriel García Marquez


APRESENTAÇÃO

A caminho de Macondo convida os leitores a mergulhar no processo de criação do universo mítico de Cem anos de solidão, uma das maravilhas da literatura latino-americana. Esta antologia reúne todos os textos publicados por Gabriel García Márquez nos quais a mágica Macondo foi tomando forma e que marcam o prelúdio da escrita de sua obra-prima.

 

Gabriel García Márquez argumentou em várias ocasiões que primeiro era preciso aprender a escrever um livro e só depois encarar a página em branco. Foram quase vinte anos “vivendo” em Macondo para que aprendesse a escrever sua obra-prima Cem anos de solidão. Nesta antologia, os leitores encontrarão as publicações que precedem a escrita de sua obra mais célebre e que ilustram a gênese da mítica cidade.

A caminho de Macondo reúne desde os textos seminais de 1950 a 1954, publicados inicialmente em colunas de jornais e revistas — alguns com a indicação “Apontamentos para um romance” —, até o conteúdo integral das obras A revoada (O enterro do diabo), de 1955, Ninguém escreve ao coronel, de 1961, Os funerais da Mamãe Grande, de 1962, e O veneno da madrugada (A má hora), de 1966, que marcam o prelúdio efervescente de Cem anos de solidão.

Com prefácio da jornalista premiada Alma Guillermoprieto e nota editorial de um especialista na obra do autor, Conrado Zuluaga, esta coletânea nos introduz ao ciclo macondiano e nos guia por personagens, cenários e cheiros que viriam a compor uma das grandes maravilhas da literatura latino-americana, escrita pelo autor colombiano vencedor do Prêmio Nobel e grande mestre do realismo mágico.

RESENHA

"A Caminho de Macondo" é uma fascinante antologia que traça a trajetória literária de Gabriel García Márquez, revelando os passos que o levaram à criação de sua obra-prima, "Cem anos de solidão". Organizada de forma a apresentar textos variados, que vão desde contos iniciais até esboços que mais tarde se transformariam em personagens icônicos, a coleção oferece uma visão íntima do processo criativo do autor.

García Márquez sempre enfatizou a importância do aprendizado contínuo e da vivência antes da escrita. Nesta antologia, o leitor tem a oportunidade de acompanhar essa jornada, que se estende por quase duas décadas de imersão em Macondo, um espaço que se tornaria sinônimo de realismo mágico. Através de relatos e reflexões, o autor revela como sua experiência pessoal, suas interações com o mundo ao redor e suas observações da realidade latino-americana moldaram sua narrativa.

Os textos incluídos são uma janela para a mente do escritor em formação, onde já se percebem elementos que se tornariam características marcantes de sua obra: as descrições vívidas, as atmosferas carregadas de simbolismo e a complexidade das relações humanas. Momentos de humor, tristeza e reflexão permeiam as páginas, oferecendo ao leitor uma paleta rica que antecipa o que está por vir em "Cem anos de solidão".

Uma das grandes forças de "A Caminho de Macondo" é a habilidade de García Márquez em capturar a essência do cheiro, do som e da cor, criando um ambiente que parece pulsar com vida. O autor não apenas narra, mas convida o leitor a experimentar o que é ser parte desse universo mágico e frequentemente caótico. Os cheiros, em particular, são uma constante em sua obra, evocando memórias e sentimentos que se entrelaçam com a narrativa. Além de ser um deleite para os fãs de García Márquez, essa antologia serve como uma excelente introdução ao seu trabalho para novos leitores. O livro não apenas contextualiza a criação de "Cem anos de solidão", mas também ilumina os processos de um dos maiores escritores do século XX, oferecendo uma perspectiva sobre como histórias e personagens podem emergir de uma rica tapeçaria de experiências.

O conto 'a casa dos buendía' narra o retorno de Aureliano Buendía ao seu povoado após o fim da guerra civil, onde ele e sua esposa se deparam com a devastação de sua antiga casa. Embora restem apenas as lembranças da casa dos Buendía e as cinzas de seu quintal, uma amendoeira começa a brotar entre os escombros, simbolizando a vida que persiste mesmo após a destruição. Aureliano recorda não apenas a claridade e os sons da antiga residência, mas também os cheiros e silêncios que a caracterizavam. Dona Soledad, ao revirar a terra, encontra um são Rafael de gesso quebrado e um copo de lamparina, que se tornam parte da nova construção da casa, erguida sem planejamento, mas com um sentido de continuidade em relação ao passado. A construção é realizada em um espaço que ainda conserva a frescura e o silêncio do antigo quintal, refletindo uma conexão com a memória familiar e a esperança de um novo começo. Assim, a nova casa, com seus pilares e estrutura, se torna um local que abriga tanto as lembranças do passado quanto a expectativa de um futuro mais pacífico.

O conto "A Filha do Coronel" apresenta a relação entre Remédios e seu pai, o coronel Aureliano Buendía, em um ambiente marcado pela distância emocional e pela rigidez da vida familiar. A história se passa na igreja, onde o coronel ocupa uma cadeira reservada, e sua filha, Remédios, se ajoelha ao seu lado. Inicialmente, Remédios não compreende a dinâmica do culto e fica em pé durante o sermão, até que aprende a se acomodar no banco da frente.

À medida que cresce, Remédios começa a entender mais sobre o mundo ao seu redor e a complexidade da vida em seu povoado. Após uma longa ausência de comunicação direta com o pai, ela o reencontra em um momento de revelação durante uma missa, quando ouve cânticos que a emocionam profundamente. Nesse instante, a conexão que faltava entre pai e filha se torna evidente, e Remédios finalmente vê seu pai como um ser humano vulnerável, não apenas como uma figura autoritária. Através da música, ela percebe a ausência de comunicação em sua vida e a razão pela qual seu pai nunca lhe dirigira a palavra. Essa realização a faz refletir sobre o relacionamento deles, levando-a a entender que o silêncio entre eles era uma forma de comunicação não verbal, baseado em expectativas e normas familiares. O momento culminante na igreja marca uma transformação em Remédios, que, a partir desse dia, começa a crescer apressadamente, simbolizando uma nova fase em sua vida e na compreensão de sua identidade e do papel de seu pai.

"O Filho do Coronel" narra a relação tensa entre o coronel Aureliano Buendía, sua esposa Dona Soledad e seu filho Tobias, que enfrenta problemas com o alcoolismo. O coronel espera Tobias em casa, mas o rapaz frequentemente desaparece, retornando apenas quando a fome se torna insuportável. Dona Soledad, preocupada com o filho, observa sua luta interna e o padrão de retorno à casa somente em busca de comida.

A história retrata a dor e a frustração da família, especialmente de Dona Soledad, que, mesmo mantendo esperança de que Tobias mude, percebe que seu comportamento reflete uma espiral descendente. O coronel, por sua vez, demonstra uma atitude cínica, acreditando que Deus não faz milagres com bêbados, e parece resignado à situação do filho. Quando Tobias finalmente retorna após um período de ausência, ele entra em casa de forma descontrolada, demonstrando seu estado de desespero e vulnerabilidade. A cena se intensifica quando Dona Soledad tenta confortá-lo, mas Tobias, em sua raiva e dor, resiste a qualquer ajuda. O clímax ocorre quando ela o agarra, tentando convencê-lo a ficar, pelo menos até que ele coma um pedaço de carne, simbolizando um desejo de nutrir não apenas seu corpo, mas também sua alma.

"O Regresso de Meme" narra a transformação de Meme, uma mulher que havia sido criada na casa da família, ao retornar à igreja após um período de ausência. A história é contada pela perspectiva de um narrador que observa com estranheza a nova versão de Meme, que aparece vestida de maneira extravagante, com saltos altos, uma roupa de seda estampada e um chapéu decorado com flores artificiais. Essa mudança na aparência a torna quase irreconhecível, contrastando com a simplicidade com que sempre foi vista em casa.

Durante a missa, Meme se comporta de maneira afetada e diferente do que era antes, atraindo a atenção e a curiosidade dos presentes, tanto aqueles que a conheciam como criada quanto os que nunca a tinham visto. O narrador fica intrigado com sua nova postura e se pergunta sobre seu desaparecimento e o que teria acontecido para que ela retornasse dessa forma. Ao final da missa, Meme sai da igreja e é cercada por um grupo de pessoas que a observam com uma mistura de admiração e ridículo. Nesse momento, seu pai, que a sustentou por anos, a toma pelo braço e a conduz pela praça com uma atitude de desdém, ciente de que a aparência de Meme não é bem recebida pelos outros. Esta cena destaca a tensão entre a nova identidade que Meme tenta assumir e as expectativas sociais que a cercam, além de refletir sobre as complexidades das relações familiares e sociais.

O "Monólogo de Isabel Vendo Chover em Macondo" descreve a experiência de Isabel durante um intenso período de chuva em Macondo, que começa de maneira revitalizante após um longo verão seco, mas rapidamente se transforma em uma situação opressiva e devastadora. A narrativa inicia-se com a alegria inicial de Isabel e sua madrasta ao ver a chuva, que traz frescor e renova a vegetação. No entanto, conforme as chuvas persistem, a atmosfera muda, e a alegria se transforma em um sentimento de entorpecimento e desespero. Isabel observa a transformação do ambiente e das pessoas ao seu redor, incluindo seu pai e a madrasta, que passam de uma sensação de esperança para uma apatia diante da contínua chuva. A casa começa a inundar, e o clima torna-se pesado e triste, refletindo a desolação que se instala na vida cotidiana. Isabel também menciona a presença de uma vaca no jardim, simbolizando a resistência à mudança e a impotência diante da força da natureza.

"Um Homem Vem na Chuva" narra a experiência de uma mulher que, ao ouvir a chuva, rememora o passado e a expectativa de um visitante. Em um dia tempestuoso, ela sente a presença de um homem que frequentemente imaginou, mas que nunca chegava a bater à sua porta. Com o tempo, ela aprendeu a identificar os sons da chuva e a substituir a esperança de sua chegada por lembranças nostálgicas de momentos passados, como ensinamentos e canções. Certa noite, a mulher percebe que o homem realmente chegou: ele bate à porta e entra. A cena é carregada de ansiedade, e a mulher observa como ele se apresenta, com um olhar familiar que a faz lembrar de pessoas queridas do passado. Enquanto isso, a outra mulher na casa se prepara para recebê-lo, e o clima de expectativa se intensifica.

A maestria de Márquez em entrelaçar essas histórias é uma celebração da vida e da resistência, onde cada personagem, em sua busca por significado e conexão, reflete a condição humana em toda sua complexidade. A obra é um convite à reflexão sobre como as memórias e as experiências passadas moldam nosso presente e nos preparam para o futuro. Com sua prosa poética e rica em simbolismo, o autor nos brinda com uma leitura que ressoa profundamente, deixando uma marca indelével na literatura contemporânea.

Resenha: Herdeiro das trevas, de C.S Pacat



APRESENTAÇÃO

Os guerreiros da Luz sobreviveram ao primeiro ataque das Trevas, mas pagaram um preço alto demais. Com outra ameaça prestes a eclodir, se não agirem depressa, muito mais tragédias estarão a caminho.

Perseguidos pelas forças inimigas, Will e seus aliados precisam deixar a segurança do Salão e viajar até o mundo antigo para deter a ascensão das Trevas, fazendo novas e perigosas alianças e desvendando segredos impactantes do passado. No entanto, Will também esconde um segredo sombrio: sua verdadeira identidade. Caso a verdade venha à tona, quem é amigo pode se tornar um inimigo. Mas a atração que sente por James St. Clair, o Traidor, faz com que se aproxime cada vez mais de sua vida pregressa e das Trevas.

RESENHA

O livro 'herdeiro das trevas', é o segundo livro da série 'ascensão das trevas', da autora australiana C.S Pacat, publicado no Brasil pela editora Galera, selo adolescente do Grupo Editorial Record. O livro se inicia apresentando a angustiante experiência de Visander, que acorda sufocado e confinado em um caixão, enterrado vivo. O pânico e a claustrofobia o dominam enquanto ele tenta entender como foi parar ali e recordar os eventos que o levaram a essa situação, incluindo sua interação com uma rainha e a promessa de retornar. A narrativa destaca sua luta desesperada para escapar, mostrando sua determinação em vencer a morte e a opressão, simbolizada pela terra que o envolve.

Visander, impulsionado por lembranças e pela raiva direcionada ao Rei das Trevas, tenta romper o caixão, mas a terra desmorona e o sufoca mais. Em um momento de clareza, ele se lembra de sua promessa de ser um "Retornado" e se esforça para cavar em direção à liberdade. Quando finalmente consegue emergir do solo, ele descobre que não está mais em seu corpo familiar, mas em um novo e desconhecido, o que traz à tona questões sobre identidade e transformação. A história é intercalada por uma nova perspectiva que introduz Will, que chega a um lugar devastado e isolado. Ele e seu amigo James observam a destruição e a escuridão que cercam seu antigo lar, o Salão dos Regentes. Will, que carrega o peso de seu passado e os segredos de sua verdadeira natureza, enfrenta dilemas sobre lealdade, traição e o que significa ser um herói. A tensão entre ele e James, que tem um passado sombrio, é palpável, e a presença de Violet, que também tem suas próprias batalhas internas, adiciona complexidade à dinâmica entre os personagens.

Em síntese, a obra é marcada por uma narrativa que mistura elementos de fantasia, ação e drama, apresentando personagens complexos e bem desenvolvidos que enfrentam dilemas morais e emocionais. A construção de tensão crescente nos capítulos proporciona uma experiência imersiva, onde cada decisão tem consequências significativas, refletindo a fragilidade da condição humana diante do destino.

De quase falência a fenômeno Global: A Transformação da Pixar


A Pixar Animation Studios é hoje um nome sinônimo de inovação e sucesso no mundo da animação digital, mas sua trajetória até alcançar tal status foi repleta de desafios e momentos de incerteza. Fundada em 1979 como parte da divisão de computação gráfica da Lucasfilm, a Pixar inicialmente se dedicava a desenvolver tecnologia avançada de imagem. Em 1986, a empresa foi comprada por Steve Jobs após separar-se da Lucasfilm, momento que marcou o início de uma nova era, mas também trouxe consigo uma série de desafios financeiros.

Sob a liderança de Steve Jobs, a Pixar buscou revolucionar a animação com o uso de computadores, um conceito ainda muito novo e arriscado na época. No entanto, os primeiros anos foram financeiramente difíceis. A produção de hardware e software de animação não gerava os lucros esperados, e em muitos momentos a empresa esteve à beira da falência. Para manter a Pixar operando, Jobs investiu milhões de dólares do próprio bolso, acreditando firmemente no potencial da animação por computador.

O ponto de virada para a Pixar veio com a produção de seus primeiros curtas-metragens, que começaram a ganhar notoriedade e prêmios importantes. Foi então que surgiu a ideia de produzir um longa-metragem inteiramente animado por computador. Em 1995, essa visão se concretizou com o lançamento de "Toy Story" em parceria com a Disney. O filme foi um sucesso estrondoso, tanto comercial quanto criticamente, estabelecendo a Pixar como uma força inovadora na indústria do entretenimento.

Apesar do sucesso de "Toy Story", a Pixar ainda enfrentava incertezas financeiras. A empresa firmou um contrato de co-produção com a Disney, mas os termos não eram favoráveis e geravam tensões entre as duas empresas. No entanto, essa parceria colaborativa resultou em uma série de sucessos, como "Vida de Inseto", "Monstros S.A." e "Procurando Nemo", que solidificaram a reputação da Pixar como estúdio de ponta na produção de animação.

Em 2006, depois de um longo período de negociações e uma tentativa de melhora nos termos do contrato, a Disney optou por comprar a Pixar por surpreendentes US$ 7,4 bilhões. Este movimento não só estabilizou a situação financeira da empresa, como também catapultou a Pixar para um novo patamar de influência e recursos. Sob a égide da Disney, o estúdio continuou a impressionar o mundo com sucessos como "Ratatouille", "Wall-E", e "Up – Altas Aventuras", todos vencedores de múltiplos Oscars.

Ao longo dos anos, a Pixar não apenas redefiniu o que é possível na animação digital, mas também manteve um compromisso inabalável com a qualidade e a inovação. Essa dedicação foi fundamental para sua transformação de uma empresa à beira da falência para um fenômeno global, cuja influência e criatividade continuam a moldar a indústria do cinema e a conquistar corações ao redor do mundo.

Hoje, a história da Pixar serve como um poderoso testemunho de perseverança, visão e inovação, demonstrando que, com a combinação certa de talento e determinação, é possível transformar crises em oportunidades e alcançar o extraordinário.

O estúdio acumulou 21 Oscars, 9 Globos de Ouro e 11 Grammy, além de vários outros prêmios e reconhecimentos. Grande parte dos filmes da Pixar foi indicada ao Oscar de Melhor Filme de Animação desde a inauguração dessa categoria em 2001, e onze deles venceram: Procurando Nemo, Os Incríveis, Ratatouille, WALL-E, Up - Altas Aventuras, Toy Story 3, Valente, Divertida Mente, Viva - A Vida é uma Festa, Toy Story 4 e Soul. Outros sete filmes foram indicados: Monstros S.A., Carros, Os Incríveis 2, Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, Luca, Red: Crescer é uma Fera e Elemental. Além desse prêmio, Up e Toy Story 3 foram o segundo e o terceiro filmes de animação, respectivamente, a serem indicados ao Oscar de Melhor Filme, sendo o primeiro A Bela e a Fera, da Walt Disney Animation Studios, em 1991.

A história de um marco histórico bilionário


A história da Pixar começa em 1974, quando Alexander Schure, fundador do New York Institute of Technology (NYIT) e proprietário de um estúdio de animação tradicional, cria o Computer Graphics Lab (CGL). Ele reúne cientistas da computação para alcançar a ambição de criar o primeiro filme animado por computador. Edwin Catmull e Malcolm Blanchard foram os primeiros contratados, seguidos por Alvy Ray Smith e David DiFrancesco. Esses quatro integrantes originais trabalhavam em uma garagem convertida, propriedade anterior de Vanderbilt-Whitney. Schure investiu cerca de 15 milhões de dólares no laboratório, o que causou sérios problemas financeiros ao NYIT.

Com o tempo, o grupo percebeu a necessidade de trabalhar em um estúdio de cinema real. Francis Ford Coppola e George Lucas compartilharam suas visões sobre o futuro do cinema digital, e Lucas ofereceu emprego a seis membros do CGL, que passaram a integrar o Grupo de Gráficos da Lucasfilm em 1979. Lá, Catmull e Smith continuaram suas inovações, incluindo a criação do canal alfa e o desenvolvimento do precursor do RenderMan, chamado REYES.

Em 1983, John Lasseter juntou-se ao grupo, animando o curta-metragem "The Adventures of André & Wally B." Ao mesmo tempo, surgiu o nome "Pixar" para um novo computador de composição digital. Durante a colaboração com a Industrial Light & Magic, a equipe produziu efeitos notáveis, como o Efeito Gênesis em "Star Trek II: The Wrath of Khan" e o Cavaleiro Vitral em "O Enigma da Pirâmide". Em 1986, Catmull e Smith transformaram o grupo em uma empresa independente chamada Pixar, com foco em hardware e o Pixar Image Computer como produto principal.

Paralelamente, Nolan Bushnell fundou o estúdio de animação Kadabrascope em 1983, mas após a quebra do mercado de videogames, a subsidiária foi vendida à Lucasfilm e integrada à Divisão de Computadores. Curiosamente, um dos primeiros empregos de Steve Jobs foi na Atari, de Bushnell. Em 1984, a PTT de Bushnell foi à falência e adquirida pela ShowBiz Pizza Place. Essa série de eventos e aquisições culminou na formação da Pixar, um marco na história do cinema de animação digital.

Quais as maiores bilheterias da pixar?

5. Procurando Dory (1.02 bilhão de dólares)


A sequência de Procurando Nemo, lançada em 2016, focou na esquecida Dory. O filme foi um sucesso de bilheteria, trazendo de volta personagens amados e introduzindo novos rostos em uma busca pela família de Dory.

4. Toy Story 3 (1.06 bilhão de dólares)


Lançado em 2010, Toy Story 3 emocionou o público ao mostrar o desfecho da história de Andy e seus brinquedos. A narrativa sobre despedidas fez com que este filme fosse um dos mais bem-sucedidos da franquia.

3. Toy Story 4 (1.07 bilhão de dólares)


Em 2019, Toy Story 4 trouxe uma nova aventura para Woody e seus amigos, explorando temas de identidade e propósito. O filme continuou o legado da série e conquistou fãs novos e antigos.

2. Os Incríveis 2 (1.24 bilhão de dólares)


A tão esperada sequência de Os Incríveis chegou em 2018, trazendo de volta a família de super-heróis em uma nova e emocionante missão. O filme foi aclamado por sua animação de alta qualidade e narrativa envolvente.

1. Divertidamente 2 (1.38 bilhão de dólares)


O mais recente lançamento da Pixar, Divertidamente 2, já está se firmando como o maior sucesso de bilheteria do estúdio. Com uma história que continua a explorar as emoções humanas de maneira criativa, o filme encantou o público global, solidificando o lugar da Pixar no topo da animação mundial.

Mistérios de Nuremberg: A Vida de Kaspar Hauser

Imagem: Divulgação

K aspar Hauser é uma enigmática figura histórica cuja vida cercada de mistérios e incertezas desperta o fascínio de estudiosos e curiosos há quase dois séculos. Encontrado em 1828 no centro da cidade de Nuremberg, Alemanha, Hauser tinha apenas dezessete anos e parecia completamente deslocado do mundo ao seu redor. Carregando consigo apenas um bilhete endereçado ao Capitão von Wessenig, ele se tornou uma incógnita viva, um enigma personificado, cuja origem e trajetória anterior eram praticamente desconhecidas.

Os relatos sobre sua infância são tão surreais quanto sombrios: uma vida inteira trancafiado em um espaço minúsculo, sem qualquer interação humana regular, exceto pela visita esporádica de um misterioso mentor. Esse cenário cria uma atmosfera quase claustrofóbica e levanta inúmeras questões sobre a veracidade de sua história e os motivos que levaram ao seu confinamento e subsequente abandono. O curioso caso ganhou dimensões ainda mais intrigantes quando foi descoberto que as cartas que ele carregava pareciam ter sido escritas por ele mesmo, sugerindo uma possível manipulação de sua própria narrativa.

A história de Hauser é frequentemente associada a outras narrativas de "crianças selvagens", como Tarzan ou Mogli, figuras literárias criadas por animais que lutam para se inserir na civilização humana. No entanto, ao contrário dessas fábulas, a vida de Hauser tem uma complexidade real que desafia as explicações simples e coloca em cheque as noções de desenvolvimento humano em condições extremas. Filme biográfico de Werner Herzog em 1974 oferece um retrato cinematográfico detalhado dessa figura enigmática, explorando sua jornada e os esforços para integrá-lo à sociedade.

A singularidade da história de Kaspar Hauser reside não apenas na sua peculiar infância, mas também nas várias dúvidas e interpretações sobre sua veracidade. Os debates acadêmicos continuam a fervilhar, questionando se ele foi vítima de um crime indescritível ou um mestre da enganação. Independente das conclusões, Kaspar Hauser permanece um ícone histórico, desafiando nossas compreensões de identidade, desenvolvimento e verdade.

Quem foi Kaspar Hauser

Kapar Hauser foi um jovem, que, segundos relatos históricos viveu os primeiros dezessete anos de sua vida preso em uma cela sem nenhum contato com outros humanos até ser abandonado no centro da cidade de Nuremberg, na Alemanha em 1828. Acredita-se, que, Hauser tenha vivido sob a tutela de um homem que o alimentou até decidir por seu abandono. Hauser foi encontrado nas ruas tendo consigo apenas um bilhete endereçado ao capitão do 4º esquadrão do 6º regimento de cavalaria , Capitão von Wessenig.

Um autor anônimo relatou que o menino foi entregue à sua custódia ainda bebê, em 7 de outubro de 1812. Este cuidador afirmou ter ensinado o jovem a ler, escrever e seguir a religião cristã, sem nunca permitir que ele saísse de sua casa. Na carta, o menino expressava o desejo de se tornar um cavaleiro, assim como seu pai, e pedia ao destinatário, um capitão, que o acolhesse ou decidisse seu destino.

Anexada à primeira mensagem, havia uma carta curta, supostamente escrita pela mãe do menino para o antigo zelador. Esta carta identificava o garoto como Kaspar, nascido em 30 de abril de 1812, e mencionava que seu pai, um cavaleiro do 6º regimento, havia falecido. No entanto, mais tarde foi descoberto que ambas as cartas foram escritas pela mesma pessoa. A frase "ele escreve minha caligrafia exatamente como eu" levou analistas a concluir que o próprio Kaspar Hauser havia escrito as duas cartas.

Inicialmente, imaginava-se que Hauser fosse uma criança selvagem vinda das florestas. Durante várias conversas com o prefeito Binder, Hauser começou a revelar uma versão diferente de sua história de vida, que ele mais tarde detalharia por escrito. Segundo esse relato, Hauser passou a maior parte de sua vida preso em uma cela escura e solitária. Ele descreveu a cela como tendo aproximadamente dois metros de comprimento, um metro de largura e um metro e meio de altura. Nesse espaço reduzido, sua única mobília era uma cama de palha e ele tinha apenas quatro brinquedos de madeira para se entreter: dois cavalos e um cachorro.

Hauser relatou que todas as manhãs encontrava pão de centeio e água ao lado de sua cama. Em algumas ocasiões, a água tinha um sabor amargo que, ao ser consumida, fazia-o dormir mais profundamente que de costume. Nessas situações, ao despertar, ele notava que sua palha havia sido trocada e que seu cabelo e unhas estavam cortados. Hauser afirmou que o primeiro ser humano que conheceu foi um homem que o visitou pouco antes de sua libertação, tomando muito cuidado para não mostrar o rosto. Esse homem o ensinou a escrever seu nome, guiando sua mão. Depois que Hauser aprendeu a ficar de pé e caminhar, ele foi levado para Nuremberg. O homem misterioso também lhe ensinou a frase "Eu quero ser um cavaleiro, como meu pai foi", em um antigo dialeto bávaro, embora Hauser alegasse que não compreendia o significado das palavras.

Em 17 de outubro de 1829, Kaspar Hauser foi encontrado no porão da residência de Daumer, com um ferimento ainda recentíssimo na testa. Ele alegou ter sido atacado enquanto utilizava a privada; o agressor, um homem encapuzado, não apenas o feriu, mas também o ameaçou com severidade ao dizer: "Você ainda precisa morrer antes de deixar a cidade de Nuremberg." Segundo Hauser, ele reconheceu a voz do atacante como a do homem que o havia trazido para a cidade. Inicialmente, Hauser fugiu para o primeiro andar, onde ficava seu quarto, como indicava o rastro de sangue. No entanto, em vez de procurar socorro imediato, ele desceu as escadas e se escondeu no porão, acessado por um alçapão. Preocupadas, as autoridades disponibilizaram uma escolta policial e transferiram Hauser para os cuidados de Johann Biberbach, uma figura de autoridade na cidade. Este ataque alimentou especulações sobre sua origem, que variavam entre a Hungria, Inglaterra e até a Casa de Baden.

No entanto, existem céticos que acreditam que o próprio Hauser tenha infligido o ferimento com uma navalha, a qual ele teria levado de volta para seu quarto antes de fugir para o porão. Segundo essa teoria, Hauser poderia estar buscando atrair a pena alheia para evitar uma punição decorrente de uma recente desavença com Daumer, que começara a acreditar que o jovem tinha uma propensão para mentir.

No dia 14 de dezembro de 1833, Hauser retornou para casa com um grave ferimento no peito esquerdo. Conforme seu relato, ele tinha sido atraído até o Ansbach Court Garden, onde um desconhecido o atacou com uma faca enquanto lhe entregava uma bolsa. Tristemente, Hauser sucumbiu ao ferimento três dias depois, em 17 de dezembro de 1833.

O enigma de Kaspar Hauser


O enigma de Kaspar Hauser é um filme biográfico dirigido por  Werner Herzog e estrelado por Bruno S. e Walter Ladengast, em 1974, que narra a vida de Hauser sobre a ótica dos bilhetes encontrados em seu poder na data do ocorrido, em 1828.

O filme narra a intrigante jornada de Kaspar Hauser, que passa os primeiros dezessete anos de sua vida acorrentado em um pequeno porão, com apenas um cavalo de brinquedo para se distrair e sem qualquer interação humana, exceto pela presença fugaz de um homem misterioso, sempre vestindo um sobretudo preto e uma cartola, que trazia sua comida.

Em um dia de 1828, esse mesmo homem decide libertar Hauser. Ensina-lhe algumas frases básicas e como andar, antes de deixá-lo nas ruas de Nuremberg. A presença de Hauser na cidade desperta enorme curiosidade, levando-o a ser exibido em um circo, até ser resgatado por um professor benevolente, Georg Friedrich Daumer, que se empenha em educá-lo pacientemente.

Kaspar mostra rápido progresso: aprende a ler e escrever e desenvolve perspectivas singulares sobre lógica e religião. No entanto, é a música que verdadeiramente o cativa. Sua singularidade atrai acadêmicos, clérigos e nobres, curiosos para entender sua mente singular. Entretanto, sua vida não fica livre de perigos. Ele é brutalmente atacado pelo mesmo desconhecido que o libertou, resultando em uma grave lesão na cabeça que o deixa inconsciente. Após se recuperar, é novamente alvo de um ataque misterioso, desta vez sendo esfaqueado no peito.

O filme retrata meticulosamente a história verdadeira de Kaspar Hauser, utilizando textos de cartas autênticas encontradas com ele e mantendo fidelidade aos detalhes do seu confinamento e libertação. Personagens como o Professor Daumer e Lord Stanhope são inspirados em figuras históricas reais, respectivamente Georg Friedrich Daumer e Philip Henry Stanhope, o 4º Conde Stanhope.

Dúvidas dos especialistas

A história de Kaspar Hauser é marcada por várias contradições em seus relatos sobre seu tempo na prisão. Em 1970, o psiquiatra Karl Leonhard afirmou que, se Hauser realmente tivesse passado sua infância nas condições que descreveu, ele não teria conseguido se desenvolver além do nível mental de um idiota e, provavelmente, nem teria sobrevivido. Para Leonhard, a história de Hauser é tão repleta de absurdos que é surpreendente que tenha sido acreditada e continue a ser acreditada por muitas pessoas atualmente.

Leonhard também rejeitou as opiniões de Heidenreich e Hesse sobre Hauser. Ele defendeu a ideia de que Hauser era um vigarista patológico, visto que sua constituição histérica e a persistência de uma personalidade paranoica permitiram que ele desempenhasse seu papel de maneira imperturbável. Analisando diversos relatos sobre o comportamento de Hauser, Leonhard concluiu que se pode identificar uma tendência histérica e paranóica em sua personalidade.

A ideia central da história de Hauser é alvo de diversos debates e comparada à histórias como Tarzan ou Mogli, figuras que foram criadas por animais e adquiriram uma certa repulsa aos padrões normativos de comportamento, não sendo assim, domesticados com facilidade, apresentando em sua essência dificuldade de compreensão ou desenvolvimento sócio-cognitivo, o que dificulta até certo ponto o desenvolvimento de um vocabulário e de um comportamento social. Podemos observar no desenvolvimento do enredo do filme que poucos aspectos da vida de Hauser são revelados de fato, isso ocorre pela ausência de documentações acerca de sua origem e vida, o que provocam debates acerca de como o seu desenvolvimento de fala e sua capacidade de andar.

A história de Hauser é discutida nos meios acadêmicos buscando uma compreensão mais assertiva acerca de como o seu desenvolvimento se tornou possível, se levarmos em consideração suas alegações de cárcere por toda a sua vida. Uma criança recém-nascida, por exemplo, se desenvolve através dos estímulos recebidos por outros adultos, como a fala, o caminhar e o desenvolvimento cognitivo e social acerca do comportamento e educação recebidos, relevando uma proximidade mais continuada com os responsáveis por sua criação até certa fase quando estão prontos para viverem em sociedade e estabelecer vínculos de afeto e desenvolver suas competências sociais e emocionais. Hauser é descrito como um homem ausente dos princípios básicos da convivência, sobretudo, na obra cinematográfica, onde ele revela possuir uma incapacidade de caminhar por conta própria nos primeiros meses de sua liberdade, ele também revela uma dificuldade em se expressar em falas e frases que elucidem de fato o que se deseja, tornando assim a tarefa de educa-lo ou compreendê-lo ainda mais complicada, se levarmos em consideração a ausência de proximidade dele com as novas pessoas e a nova atmosfera após seu abandono.

A história de Hauser pode ser acompanhada em sua obra cinematográfica que está disponível integralmente no Youtube.

Assista ao filme:


Resenha: Café com Deus pai: Porções diárias de paz, de Junior Rostirola

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APRESENTAÇÃO

Essa é a experiência que você encontra em cada página de Café com Deus Pai. São 366 mensagens que te levarão a uma jornada com devocionais diários ao longo do ano, onde você é convidado a ter um encontro com Deus Pai.

As páginas interativas irão envolvê-lo ainda mais nessa jornada, permitindo que você reflita, anote suas inspirações e compartilhe suas experiências. A cada dia, você encontrará uma mensagem única e significativa, especialmente selecionada para nutrir sua alma e fortalecer sua fé.

Para tornar o seu dia ainda mais especial, frases inspiradoras são destacadas ao longo do livro, proporcionando motivação e encorajamento sempre que precisar. E para aqueles que desejam se aprofundar ainda mais na Palavra de Deus, também é incluso um plano de leitura bíblica, que o guiará por uma jornada de conhecimento e descoberta.

RESENHA

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Café com Deus pai é um livro devocional elaborado e construído pelo pastor sênior da igreja Reviver, Junior Rostirola. O livro é um convite matinal de leitura e compartilhamento espiritual do leitor com Deus pai. Assim como outros devocionais, aqui, Junior nos convida a ler durante todo o ano de 2024 o devocional do dia, separado por data para aquele dia específico, e alerta: é muito importante que você leia com prioridade a mensagem da data específica em que estiver, combinado?

O devocional é separado em capítulos mensais, ou seja, cada capítulo da obra corresponde a um mês do ano com uma página para cada dia do mês, com uma leitura para reflexão, frase para fixação, frase em destaque da leitura do dia e uma frase-chave para se refletir sobre o que se foi lido durante o dia.

O preceito do livro é basicamente convidar o leitor a experimentar uma nova experiência de vida devocional com Deus, inserindo-o no dia-a-dia e refletindo em sua palavra, buscando assim, entender os percalços da vida e compreender a chama de Deus no cotidiano.

Só existe paz quando convidamos Deus para fazer parte da nossa vida (p.20)

Em resumo, os capítulos falam abertamente sobre os tópicos:

Janeiro

Reflexão sobre a paz interior, esperança e a centralidade de Deus em nossas vidas. O autor fala sobre não temer o futuro, a gratidão como prática, e a proteção divina. Outros temas incluem a superação de desafios, a importância de construir a vida sobre a fé e a busca por novos sonhos. O mês termina com a inspiração para viver intensamente o presente e ser um exemplo positivo para os outros.

Fevereiro

Ênfase em compartilhar sonhos e o amor liberador de Deus. Explora a importância do perdão e da gratidão, o poder da pureza de coração e a vigilância espiritual. O autor encoraja a busca pela renovação e a manutenção da chama da fé, além de ressaltar a importância de estar atento às companhias e expressar gratidão. Encerrando o mês, reflete sobre as dificuldades como travessias a serem vencidas.

Março

Discussão sobre a oração e a intimidade no relacionamento com Deus, além do poder transformador da fé. O autor aborda temas de direção espiritual, superação de dores com alegria, generosidade e renovação do coração. A confiança em Deus, mesmo nas dificuldades, e o reconhecimento do amor divino são centrais. O mês termina com a ideia de entregar a Deus o que parece impossível.

Abril

Identidade em Cristo e ações que devem acompanhar a fé são temas principais. O autor incentiva a renovação de sonhos, o crescimento por meio das dificuldades, e a coragem para vencer. Também fala sobre a alegria que vem do Senhor e a importância de olhar além das circunstâncias. Reflexões sobre estar alinhado à vontade divina e reconhecer o valor das conquistas pessoais e coletivas marcam o mês.

Maio

Capacitação divina e a importância de estar acompanhado na jornada de fé são abordados. O autor discute o poder das palavras e a necessidade de escolhas conscientes. Temas como a importância da oração, a presença de Deus em momentos difíceis e a prática do amor ao próximo são explorados. O mês encerra destacando os frutos de uma vida em Cristo e a necessidade de paciência durante o crescimento.

Junho

Fidelidade e prosperidade são enfatizadas, com reflexões sobre a escolha divina e a força que recebemos através do Espírito Santo. O autor fala sobre a transformação que um encontro com Deus pode trazer e a importância de reconhecer Jesus em nossas vidas. O mês termina com um chamado à perseverança e à fé, com a certeza de que o melhor ainda está por vir.

Esses resumos mensais capturam as principais reflexões e ensinamentos do livro ao longo do primeiro semestre, focando na construção de uma vida em estreito relacionamento com Deus, na superação e gratidão, e na fidelidade às promessas divinas.

Julho

O mês foca no propósito divino para a vida, a importância de um coração limpo e a escuta atenta à voz de Deus.

Destaca a presença de Deus em momentos difíceis e encoraja a confiança em sua palavra como guia.

Enfatiza perseverança, escolhas sábias e a importância de se manter próximo à luz e aos princípios de fé, encerrando o mês com a ideia de libertar-se de fardos emocionais.

Agosto

Este mês gira em torno da paciência e gratidão, revelando como essas atitudes podem abrir portas.

Promove o perdão e a importância de reconstruir áreas danificadas da vida, enfatizando que somente Deus pode preencher vazios.

Aborda a prosperidade e coragem divina, incentivando olhar para o lado positivo e manter a fé em tempos de desafios.

Setembro

O foco está na unicidade e no valor de cada indivíduo, com ênfase na perseverança frente às dificuldades.

Destaca a bondade de Deus e a importância de viver com generosidade e confiança, mesmo em meio ao caos.

O mês encoraja a frutificação e a reconciliação, ressaltando o cuidado de Deus e seu propósito para cada vida.

Outubro

Motivação e ação são temas centrais, com destaque para a necessidade de decidir e agir em direção ao propósito de vida.

Reflexão sobre superação de limitações e a liberdade encontrada em Jesus.

O mês conclui com um chamado para sonhar sem limites e viver de forma relevante, sabendo que a dor pode ser superada.

Novembro

Este mês enfatiza a importância da fé e a necessidade de evitar distrações que tiram o foco do propósito de Deus.

Destaca amar e servir como formas d’Ele se manifestar através de nós, além de priorizar a família.

A gratidão é apresentada como um meio para proteger o coração e manter a paz interior.

Dezembro

O último mês coloca em evidência o planejamento divino na vida de cada um, promovendo reflexão sobre o que significa ser próspero em diferentes áreas.

Incentiva a movimentação e a ação, com foco em viver os milagres prometidos por Deus.

Conclui com um convite à gratidão e ao reconhecimento de Jesus como o presente mais valioso, reforçando o espírito natalino.

Esses resumos capturam a essência dos temas abordados em cada mês, enfatizando a espiritualidade, a fé e o propósito no desenvolvimento pessoal.

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"Café com Deus Pai" do Pastor Junior Rostirola é mais do que um simples devocional; é um convite imersivo para mergulhar em uma jornada de fé e autodescoberta de um ano. A estrutura do livro, com 366 mensagens diárias, garante que cada indivíduo tenha a oportunidade de refletir e possa se reconectar com Deus em um nível pessoal profundo todas as manhãs, promovendo a meditação espiritual como parte essencial de sua rotina diária.

Uma das qualidades mais notáveis ​​desta obra é sua capacidade de tornar questões específicas e complexas acessíveis e aplicáveis ​​à vida cotidiana. Ao abordar tópicos como paz interior, gratidão, superação de desafios e a importância do perdão, Rostirola nos guia por reflexões que não apenas nos encorajam a entender melhor as Escrituras, mas também aplicá-las em nossa vida diária. A inclusão de declarações de promessa e espaço para notas fornece uma interação ainda mais rica, permitindo que os leitores capturem suas próprias inspirações e se envolvam no desenvolvimento espiritual pessoal.

Uma estratégia inteligente é dividir o texto mensalmente o que dá uma sensação de progresso e continuidade. Cada mês é cuidadosamente planejado para desenvolver temas como identidade em Cristo, busca de renovação espiritual e celebração da fidelidade divina. Uma abordagem equilibrada entre reflexão pessoal e aplicação prática oferece aos leitores em diferentes estágios da sua fé uma riqueza de insights que ressoam com eles.

Além disso, o plano de estudo da Bíblia que acompanha as leituras devocionais é uma excelente incorporação que intensifica ainda mais a vontade de se aprofundar nas Escrituras. Funcionando como um mentor não só esclarecedor das passagens cruciais, mas também instrutivo sobre cultivar relações mais próximas com Deus; essa ferramenta representa um recurso poderoso para aqueles em busca de fortalecimento e crescimento no âmbito religioso.

Outro aspecto que merece destaque é como “Café com Deus Pai” explora os altos e baixos da vida em tom positivo e encorajador. Rostirola discute as dificuldades de compreensão compassiva ao apresentar a fé como meio de superação e liberdade. Esta abordagem não só incentiva a esperança, mas também oferece uma visão realista sobre como a espiritualidade pode intervir para transformar situações difíceis.

Em resumo, "Café com Deus Pai" é uma rica obra devocional que consegue reunir inspiração, reflexão e prática em uma experiência completa. É um verdadeiro guia para aqueles que desejam fortalecer sua fé e relacionamento com Deus ao longo do ano. Rostirola nos lembra que a paz e a força estão sempre ao nosso alcance por meio de nossa conexão diária com o Pai. Esta obra é, sem dúvida, um presente espiritual que ressoará positivamente na vida de todos que a abraçarem.

Uma análise acerca de 'a mais recôndita memória dos homens', de Mohamed Mbougar Sarr ✷

APRESENTAÇÃO

N este romance magistral, vencedor do prêmio Goncourt e traduzido para mais de trinta idiomas, Mohamed Mbougar Sarr se inspira numa história verídica para construir um romance de formação e de aventura que celebra a literatura e revive o melhor da tradição deixada por Roberto Bolaño em Os detetives selvagens. Em 2018, Diégane Latyr Faye, um jovem escritor senegalês, descobre em Paris um livro mítico publicado em 1938: O labirinto do inumano. Seu autor, o misterioso T.C. Elimane, desapareceu sem deixar vestígios depois que uma escandalosa acusação de plágio mobilizou a comunidade literária francesa dos anos 1940. Fascinado, Diégane inicia então seu percurso atrás do “Rimbaud negro”, enfrentando as grandes tragédias do colonialismo e do holocausto. De Dakar a Paris, passando por Amsterdam e pela Buenos Aires dos salões literários das irmãs Ocampo, que verdade o espera no centro deste labirinto? Sem nunca perder o fio dessa busca que se apodera de sua vida, Diégane frequenta um grupo de jovens autores africanos radicados em Paris: entre noitadas de discussões, bebedeiras e sexo, eles se interrogam sobre a necessidade da criação a partir do exílio. Com a sua perpétua inventividade, A mais recôndita memória dos homens é um romance inesquecível, marcado pela exigência de uma escolha entre a escrita e a vida, ou pelo desejo de ir além da questão do confronto entre a África e o Ocidente. Nas palavras do escritor angolano Kalaf Epalanga, autor do texto de orelha desta edição, Sarr “consegue a proeza de construir um romance que celebra a beleza da literatura e a importância da criação artística”.

RESENHA

A mais recôndita memória dos homens do autor senegalês Mohamed Mbougar Sarr é uma obra prima da literatura contemporânea que em traços fictícios narra a história real do autor Yambo Ouologuem, a respeito de sua obra Le Devoir de Violence, que, em 1968 foi premiado com o prêmio Prix Renaudot, porém, acabou sendo acusado de plágio quatro anos depois, tirando o autor e o livro dos holofotes da mídia, o que o fez  desaparecer e viver de forma reclusa. Para narrar a história do autor, Sarr criou o personagem Elimane, autor do livro 'o labirinto do inumano', publicado em 1938, porém, sendo recebido em um período de uma frança racista e excludente, durante um período colonial severo que o levou da ascensão à queda em um curto período de tempo. Diégane Latyr Faye, pseudônimo do protagonista e uma alusão forte ao autor, tornou-se incessantemente imparável em relação à uma busca incessante da obra, até que ela chega às suas mãos através de Siga D, uma escritora senegalesa no auge dos sessenta anos.

O autor então continua sua obra em primeira pessoa em um capítulo intitulado "a teia da aranha mãe", primeira parte deste livro onde ele, em forma de diário, fala abertamente sobre a relação inseparável entre um escritor e sua obra, ambos navegando por um labirinto que leva à solidão, refletindo sobre sua experiência em Amsterdã e a complexidade de Elimane, um personagem enigmático que permanece um mistério. Quanto mais o autor tenta compreender Elimane, mais se depara com sua própria ignorância e a ideia de que a alma humana pode ser inalcançável. Finalmente, o narrador se sente esgotado e decide se recolher ao silêncio, refletindo sobre a futilidade e a possível superficialidade das palavras.

O autor ainda se debruça em narrar o impacto monumental do escritor T.C. Elimane na geração de autores africanos a que pertence. Elimane escreveu um único livro, uma obra-prima que se tornou tanto uma "catedral" quanto uma "arena" para debates intensos e apaixonados entre verdadeiros literatos. Béatrice Nanga, uma crítica literária enérgica, argumenta que só as obras de escritores genuínos merecem tais discussões fervorosas. A lenda de Elimane é composta de mistério: ele desapareceu após publicar seu livro, adotando um nome com iniciais enigmáticas. Seu legado, contudo, transformou a percepção literária e a vida dos leitores. O título do livro é "O labirinto do inumano", um conto fascinante sobre poder e sacrifício que exige intensa reflexão e dedicação de seus leitores. Ao folhear o Compêndio das literaturas negras, ele encontrou pela primeira vez o nome de T.C. Elimane, que era descrito como um talentoso autor senegalês cuja obra, publicada em 1938 em Paris, gerou polêmica e foi retirada de circulação após a eclosão da guerra. O livro se tornou difícil de encontrar e Elimane desapareceu do cenário literário. Ele tentou descobrir mais sobre Elimane, mas encontrou pouca informação. Conversou com um amigo de seu pai, professor de literatura africana, que explicou que a obra de Elimane não teve impacto significativo no Senegal, sendo considerada uma "obra de um Deus eunuco". 


Durante sua estadia em Paris para um colóquio sobre sua obra, Siga D. passa uma última noite no hotel com Diégane Latyr Faye, ela então lê um trecho do raro livro "O labirinto do inumano" de T.C. Elimane, que ela possuía e Diégane buscava há muito tempo. No final, Siga D. entrega o livro a Diégane, propondo um encontro futuro em Amsterdã. Diégane retorna para casa, obcecado pelo livro, iniciando uma jornada solitária. A passagem do reconhecimento da obra é uma forma lúdica de apresentar a segregação enfrentada no meio das artes literárias por autores negros, sobretudo, do senegal, alguns estudiosos acreditavam que a obra fora plagiada de um conto antigo de 1930, segundo ele, o mito original descreve um rei cruel que queimava inimigos e súditos, usando suas carnes como adubo para plantar árvores cujos frutos aumentavam seu poder. Anos depois, o rei se perde em uma floresta resultante dessas árvores e enfrenta as almas das vítimas, quase enlouquecendo. Uma mulher-deusa aparece e o salva, levando-o de volta ao seu povo, que revela que ele esteve ausente por apenas algumas horas.

O romance de Sarr percorre uma linha temporal digressiva, repleta de mudanças abruptas, mantendo um foco consciente na narrativa que elucida de forma transversal o encontro de um leitor e autor em busca de inspiração à uma obra poeticamente incansável e necessária. Com um olhar singelo sobre o período o autor evoca críticas severas à sociedade literária francesa do tempo para criticar a recepção da obra Yambo Ouologuem em um período colonial racista e vertiginosa crescente. A ideia de que uma obra é ricamente indispensável, e que, é nosso dever buscá-la de forma imparável é uma forma de manter uma linha de literatura convicta intacta e tolerante. Podemos encarar essa obra de Sarr indiscutivelmente necessária.
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