Foto: Acervo Pessoal / Divulgação |
Em uma entrevista exclusiva, o autor Nando Bernal nos leva aos bastidores de sua misteriosa trama em Belas Virgens Mortas. Com um talento admirável para o suspense e uma forte influência da literatura policial, Bernal nos revela os segredos por trás de sua obra e como a sua paixão pela escrita desde a infância o levou a se tornar um renomado romancista. Conheça mais sobre a mente brilhante por trás desse intrigante enredo e mergulhe em um mundo repleto de reviravoltas e mistérios irresistíveis.
Confira a entrevista na íntegra:
Foto: Capa da obra / divulgação |
1. Quando você decidiu se tornar um escritor?
R.: Foi algo que nasceu sem que eu tenha percebido e foi criando raízes. Na escola, quando era criança, perguntavam o que seríamos e eu, que nem sabia bem o que era Literatura além dos gibis, dizia: “escritor”. Era uma espécie de intuição, um sentimento antes da certeza.
2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?
R.: O suspense dramático 'Belas Virgens Mortas - Primavera'. Passa-se no interior do Brasil e tem como pano de fundo a luta entre o conservadorismo e as questões atuais da nossa sociedade. Já o concluí e agora estou trabalhando na continuação, onde novas reviravoltas e outros crimes acontecem.
3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?
R.: Leio outros autores, assisto a séries e filmes e anoto ideias interessantes. Acredito que essas informações vão se juntando no meu subconsciente e se manifestam em meus sonhos. Já sonhei com enredos inteiros. 'Belas Virgens Mortas' é baseado em duas personagens centrais com as quais sonhei. Ao acordar, desenhei o perfil delas no papel e desenvolvi a história a partir desse ponto.
4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?
R.: Sempre fui fã de Ágatha Christie e Sidney Sheldon. Gosto de romances policiais que contam a história de famílias e envolvem dramas humanos. Acredito que são temas com os quais todos se identificam.
5. Existe algum ritual para escrever um livro? Qual funciona para você?
R.: Gosto de adiantar todas as tarefas domésticas para me dedicar por três a quatro horas exclusivamente ao processo criativo. Gosto de saber que não deixei nada pendente, pois escrever é um prazer e prefiro descansar depois de desligar o notebook.
6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?
R.: Até agora, publiquei ‘Belas Virgens Mortas – Primavera’. O maior desafio para mim foi selecionar as ideias necessárias para tecer uma trama crível que não se estendesse demais. Cortar grandes partes do texto para valorizar outras foi a parte complicada; é como renunciar a um filho para salvar outros, é um processo doloroso.
7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?
R.: Sou sistemático; gosto de ter um processo claro antes de começar a escrever. O fio condutor do meu romance sempre é o motivo pelo qual ele é escrito, até o final. A partir daí, coloco no papel os personagens necessários. Depois, reúno anotações feitas ao longo dos últimos meses – baseadas em livros e filmes que gostei – e seleciono aquelas relevantes para o enredo. Em seguida, monto a estrutura: ao contrário da maioria dos autores, escolho o título nessa fase; também divido em partes e capítulos – é uma base para não ultrapassar os limites de páginas, por exemplo. Só então começo a escrever de fato.
8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?
R.: Meu grande desafio é encontrar tempo para escrever. Parece que as pessoas pressentem que estamos em um novo livro e vêm nos sobrecarregar com compromissos e pedidos. A inspiração surge quando consigo me isolar do resto do mundo. Preciso me fechar no meu quarto, cercado de tudo o que me é familiar, e o processo criativo flui.
9. O que podemos esperar para seus próximos livros?
R.: Tenho muitas ideias e acredito que o romance policial deve ser tão rico em romance quanto em mistério. Pretendo escrever histórias que se passam no Brasil, conectando-se à realidade do leitor e, ao mesmo tempo, fazendo-o mergulhar em um mundo imaginativo. Portanto, esperem ser desafiados e terem suas emoções mexidas!
10. Como você vê a vida dos autores no cenário político atual?
R.: A falta de apoio à Cultura que predominou no governo anterior parece estar lentamente ficando para trás. No entanto, ainda há muito a ser feito. No Brasil, não conheço um escritor que não tenha uma profissão paralela para se sustentar. É uma luta constante tentar viver apenas como escritor. Precisamos urgentemente de políticas públicas que promovam e valorizem a nossa Literatura, que é uma das mais ricas do mundo.
11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever seu primeiro livro?
R.: Se envolva profundamente com sua história e mergulhe em cada detalhe. Cultive a disciplina e reserve pelo menos duas horas por dia para escrever sem interrupções. O livro é como um filho: demanda tempo, energia e respeito, e no fim, retribui com muito afeto e autovalor.
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