APRESENTAÇÃO
Primeiro presidente da ditadura instaurada em 1964, Humberto de Alencar Castello Branco é um personagem-chave da história do Brasil contemporâneo. Seu curto mandato ainda hoje enseja reavaliações e revisionismos. Exercendo com habilidade e discrição o poder quase absoluto, Castello lançou as bases do regime de força que atormentou o país durante duas décadas. Ora visto como monstruoso e implacável, ora como tolerante e sensato, o estrategista do golpe civil-militar continua a levantar polêmicas, mas, contraditoriamente, sua trajetória tem sido pouco estudada. Em sua primeira grande biografia, agora em nova edição, Lira Neto apresenta uma visão abrangente e equilibrada sobre o homem, o militar e o político, munido da mais completa documentação já reunida sobre Castello. O autor da aclamada trilogia Getúlio investiga em profundidade a vida e as lutas do general franzino que, sem disparar um tiro, derrotou inimigos e aliados na guerra sem quartel pelo poder máximo da República.
RESENHA
"Castelo: a marcha para a ditadura", de Lira Neto, é uma biografia detalhada do general Humberto de Alencar Castello Branco, primeiro presidente do regime militar que governou o Brasil a partir de 1964. A obra traça um retrato minucioso da trajetória de Castello Branco, desde sua infância no Nordeste até sua ascensão ao poder durante o golpe de 1964. O livro se destaca por sua riqueza documental e por revelar os bastidores da conspiração que levou à derrubada do governo democrático de João Goulart.
O primeiro capítulo da obra narra a infância e juventude de Castello Branco, destacando sua origem humilde e a influência de sua família marcada pela tradição militar. Nascido no Ceará em 1897, o jovem Castello enfrentou dificuldades desde cedo, sendo alvo de chacota devido à sua aparência física pouco atraente. No entanto, ele se destacou por sua dedicação aos estudos, especialmente após ingressar no Colégio Militar de Porto Alegre, onde desenvolveu uma personalidade reservada e disciplinada.
O livro descreve a ascensão de Castello Branco na carreira militar, sua participação na Escola Militar de Realengo e seu desempenho durante a Segunda Guerra Mundial, quando integrou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Nesse período, Castello Branco se consolidou como um oficial rigoroso e legalista, distanciando-se dos movimentos tenentistas que agitavam os quartéis nas décadas de 1920 e 1930.
O ponto alto da narrativa é a descrição detalhada da conspiração que levou ao golpe de 1964 e à ascensão de Castello Branco à presidência da República. O autor revela os bastidores dessa articulação, destacando o papel de Castello Branco como um dos principais articuladores do movimento, apesar de sua imagem pública de militar legalista. A obra também analisa a atuação de outros personagens-chave, como os generais Góis Monteiro e Ernesto Geisel, e a influência dos Estados Unidos nesse processo.
"Castelo: a marcha para a ditadura" se destaca como uma obra de fôlego que contribui significativamente para a compreensão do golpe de 1964 e do período da ditadura militar no Brasil. Através da minuciosa investigação de Lira Neto, o leitor tem acesso a uma narrativa densa e reveladora sobre os bastidores da conspiração que levou Castello Branco ao poder. A obra se torna, assim, leitura obrigatória para aqueles que buscam entender as origens e a consolidação do regime autoritário instaurado no país a partir de 1964.
Em suma, "Castelo: a marcha para a ditadura" é uma obra fundamental para o estudo da história política brasileira do século XX. Ao traçar a trajetória de Humberto de Alencar Castello Branco, Lira Neto desvenda os meandros da conspiração que desembocou no golpe de 1964 e na instauração da ditadura militar no Brasil. A riqueza documental e a abordagem minuciosa do autor conferem à obra um caráter incontornável para aqueles interessados em compreender esse período sombrio da história nacional.
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