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Como escreve: Fábio Shiva, autor de favela gótica


Fábio Shiva é músico, escritor e produtor cultural e uma figura multifacetada que tem conquistado admiradores com sua incrível habilidade de nos transportar para realidades alternativas.  Fundador da banda Imago Mortis e coautor e roteirista da primeira ópera rock em desenho animado do Brasil, ANUNNAKI - Mensageiros do Vento, Fábio Shiva nos presenteou com uma obra literária diversificada. Ele publicou livros de diversos gêneros, como romance policial, ficção especulativa, contos e obras infantojuvenis. Além disso, também se destaca como organizador de várias antologias poéticas.

É importante ressaltar que Fábio Shiva é um idealizador e proponente de projetos que foram aprovados em editais públicos, evidenciando seu talento e capacidade em atrair reconhecimento e apoio para suas criações. Sua excelência como autor também foi destacada ao ser convidado para participar da Bienal do Livro Bahia em 2022. Em sua mais recente obra, situada em uma realidade alternativa fascinante, somos introduzidos a uma metrópole infestada por criaturas sinistras. Nesse dantesco cenário, acompanhamos a jornada de Liana, uma jovem zumbi em busca do autoconhecimento e da iluminação, enquanto lida com os monstros internos e externos que a cercam. Uma trama repleta de assassinatos, perseguições e surpreendentes reviravoltas, que envolve também a presença de seres interdimensionais e a iminência de um asteroide prestes a colidir com a Terra.

Preparem-se para desbravar um universo repleto de monstruosidades e desafios, onde a crueldade e a crueza da cidade grande são reveladas de forma intensa. Em cada página, Fábio Shiva nos conduzirá por um caminho de reflexão e entretenimento, nos instigando a explorar os limites da nossa própria natureza. Não percam essa oportunidade única de conhecer mais sobre a mente brilhante por trás dessas obras incríveis. Acompanhem nossa entrevista com Fábio Shiva e embarquem em uma viagem literária extraordinária.

1. Quando decidiu que se tornaria um escritor?

Tenho uma lembrança nítida do momento exato em que tomei a decisão de me tornar um escritor. Eu tinha 11 anos, e contemplava embevecido os poucos livros que já havia juntado em minha estante: alguns volumes de Agatha Christie e José de Alencar, minhas duas primeiras paixões literárias, além de coleções iniciadas de Sherlock Holmes e Perry Rhodan. Senti um grande deslumbramento e uma gratidão profunda pela magia dos livros, que é capaz de criar mundos e tantos seres interessantes, que nos permite viver tantas vidas diferentes em uma só vida. E decidi que eu seria um aprendiz de feiticeiro: queria aprender a fazer essa mágica com as palavras.

 

2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?

O primeiro livro que comecei a escrever chamava-se “O Profeta Canibal”, e era uma espécie de mistura de “Assim Falou Zaratustra” com “O Silêncio dos Inocentes”: Zamireb Samir, o tal profeta, tinha como lema “decifro-te e te devoro”, e dava aulas de filosofia visceral entremeadas com dentadas em seus alunos... Nunca cheguei a concluir essa história, mas transformei-a em uma peça teatral que aparece no primeiro livro que de fato publiquei, o romance policial “O SINCRONICÍDIO: Sexo, Morte & Revelações Transcendentais”.

 

3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?

Até publicar “O Sincronicídio”, eu tinha certeza absoluta de que seria um autor de romances policiais, exclusivamente. Contudo a magia da Literatura foi atuando de modo imprevisível em minha vida, levando-me a escrever sobre temas e gêneros bem diversos: ficção científica e especulativa, literatura fantástica, infantojuvenil e até humor. Isso para não mencionar a Poesia, que tem me acompanhado desde a infância. Hoje acredito que não sou eu quem escolhe os livros que vou escrever. São os livros que decidem vir ao mundo por meu intermédio. Cada livro que escrevo chega com uma mensagem que preciso descobrir. Cada vez mais procuro me tornar receptivo a esse processo. Essa convicção é ancorada na linda definição de Ezra Pound: “o artista é a antena da raça”. Procuro captar e transmitir o que me chega. Esse é o meu ofício de escritor.

 

4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?

Eu me inspiro em tudo e todos. Alimento minha criatividade não só com os livros que leio, mas com tudo o que chega à minha consciência, sejam manifestações artísticas como filmes, música, dança, pinturas, ou mesmo com a ficção altamente inverossímil a que chamamos realidade. Para citar uma influência específica, evoco a máxima de Pablo Picasso: “Imitar os outros é necessário. Imitar a si mesmo é que é ridículo.”

 

5. Existe algum ritual para se escrever um livro? Qual funciona para você?

O ritual é bom por um lado, por que gera um condicionamento mental que facilita o processo de escrever. Por outro lado, é algo perigoso, pois pode se tornar algo limitante, como uma prisão. Por isso eu procuro variar meus rituais de tempos em tempos. Passei uma época contando palavras, hoje estabeleço um horário diário dedicado à escrita. Às vezes escrevo à mão, às vezes digito. Atualmente, estou escrevendo bem durante o café da manhã. Vou dormir pensando na cena seguinte que quero escrever e, ao acordar, procuro colocar essa cena no papel.

 

6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?

Até o momento publiquei três romances: o já mencionado “O Sincronicídio”, “Favela Gótica”, de ficção especulativa, e um romance de não-ficção, “Diário de um Imago: contos e causos de uma banda underground”, que conta a história da banda Imago Mortis. Também publiquei três livros de contos: “Tanto Tempo Dirigindo Sem Ninguém No Retrovisor”, “Labirinto Circular” e “Isso Tudo É Muito Raro”. Além desses, um livro infantil: “Meditação para Crianças”, que ensina a técnica de meditação por meio de versos rimados. Como organizador, publiquei várias antologias de Poesia, além de um livro verdadeiramente coletivo: “Escritores Perguntam, Escritores Respondem”. Desses todos, considero o mais complexo o primeiro, o romance policial “O Sincronicídio”, que é estruturado como uma mistura entre o jogo de xadrez e o oráculo chinês do I Ching, com 64 capítulos fora da ordem numérica que percorrem o chamado “Passeio do Cavalo”, um problema enxadrístico, através dos 64 hexagramas do I Ching. Levei quatro anos escrevendo esse livro. Depois, senti o desejo de experimentar coisas mais simples e diretas.

 

 

7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?

Sim, costumo criar no mínimo dois arquivos de texto para cada livro. Um é o livro propriamente, e o outro contém referências à trama e aos personagens, além de observações diversas.

 

8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?

Acho que o que não pode faltar é a determinação de escrever. Nunca tive propriamente ausência de inspiração, mas sim preguiça de escrever, o desejo de procrastinar, ou mesmo fiquei empacado em algum trecho que não fluía. Procuro respeitar o meu momento, sem me violentar, mas também sabendo que às vezes se não forçar um pouco a mão, a coisa não sai.

 

9. O que podemos esperar para os seus próximos livros?

Algo completamente diferente do que já fiz antes. Isso é tudo o que posso garantir.

 

10. Como você enxerga a vida dos autores no cenário político atual?

Alguns autores defendem que aquilo que escrevem está de algum modo à parte da vida política. Não creio que isso seja possível, atualmente ou em qualquer época. Todo ato é um ato político, assim como toda ação é motivada por alguma ideologia. Com o ato de escrever não poderia ser diferente. O que sinto que há de diferente em nosso momento atual é que a verdade parece ter cada vez menos relevância no debate político. Independente dos posicionamentos, as pessoas estão de forma mais ou menos consciente abraçando as narrativas de sua bolha, em detrimento da verdade. Isso está ficando cada vez mais explícito, ao meu ver. Em cada situação de conflito, cada vez menos pessoas se preocupam de fato em descobrir o que aconteceu, e cada vez mais pessoas adotam a narrativa de seu lado da briga, e ficam repetindo essa narrativa como um mantra, para vencer a narrativa oposta. Penso que toda pessoa que assume a responsabilidade de escrever deve refletir profundamente sobre esse fenômeno.

 

11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever o primeiro livro?

Compartilho a melhor definição que li sobre o nosso doce e penoso ofício, formulada por Sinclair Lewis: “Escrever é a arte de sentar o traseiro em uma cadeira.”

Como escreve: Tony Roberson de Mello Rodrigues, autor de poeta em crise


Tony Roberson de Mello Rodrigues, um talentoso autor brasileiro, retorna à literatura após duas décadas de silêncio com seu livro "Poeta em Crise", lançado em 2023. Nesta obra, Tony compartilha sua jornada pessoal de superação do luto, da ansiedade e da depressão causados pela perda de seu pai. Os poemas presentes no livro não são apenas palavras no papel, mas verdadeiras ferramentas de superação, capazes de elevar a alma e renovar a fé. Através de suas experiências, o autor busca oferecer esperança, alegria e força para todos aqueles que enfrentaram as sombras emocionais. Convidando o leitor a mergulhar na dor invisível por trás de sorrisos inabaláveis, Tony Roberson de Mello Rodrigues traz uma perspectiva única e inspiradora sobre a superação e a resiliência.



1. Quando decidiu que se tornaria um escritor?
Quando paro para pensar quando quis me tornar escritor lembro, por exemplo, do primeiro poema que memorizei quando criança, chamado Autopsicografia, que fiquei muitos anos achando que era do Carlos Drummond de Andrade, e só depois de eu grande é que descobri ser do Fernando Pessoa. Também lembro que comecei a escrever meus poemas num caderninho escolar quando tinha entre 9 e 12 anos, e que esse início foi movido por um amor platônico por uma colega de aula. Ela tinha a caligrafia muito bonita e escrevia uns poemas no caderno dela, aí eu sentava do lado dela, tentava imitar a caligrafia dela e comecei a inventar uns poeminhas também. Aos 14 anos escrevia muitos poemas na máquina de escrever elétrica IBM do serviço onde eu trabalhava como office-boy, na minha cidade natal, acho que ali, com 14 anos, eu ainda não tinha decidido que me tornaria um escritor, mas era como se eu já me sentisse um. E quando as professoras de Português do segundo grau da antiga Escola Técnica Federal de Santa Catarina me disseram que eu escrevia muito bem e que deveria publicar no livro anual da ETFSC, eu escrevi tantos poemas que tivemos que publicar um livro só meu, à parte, além de eu publicar no livro da escola, esse meu primeiro livro foi aos 18 anos, com crônicas, poesias e aforismos, com esse primeiro livro eu me senti mais escritor ainda, mas nunca foi tanto uma questão de decisão do que eu seria, sempre foi mais uma necessidade de escrever e uma questão de me sentir escritor, assim como no período em que fiquei 20 anos sem publicar nada literário (de 2003 a 2023), eu senti como se o meu dom tivesse me abandonado e eu não fosse mais escritor, até que em novembro de 2022, após quase perder minha mãe para um problema grave de saúde, acredito que fiquei num estado muito fragilizado e isso ativou novamente minha antena receptora de inspirações, pois voltei a escrever compulsivamente e, em março de 2023, já tinha material suficiente para lançar um novo livro, que virou "Poeta em crise", lançado em 2023 e relançado em 2024.


2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?
Como eu disse na pergunta anterior, meu primeiro livro foi lançado em 1998 e chama-se "Lágrimas Lapidadas", quando eu tinha 18 anos. Coincidência ou não, foi no mesmo ano em que Saramago ganhou o Prêmio Nobel. Cheguei a concluí-lo sim, mas não o acho o melhor de meus livros até agora, há alguns poemas bacanas nele, mas muita coisa de adolescente sonhador iniciante no mundo das letras. Um projeto de escrita que eu já abandonei foi um romance autobiográfico que comecei a escrever quando estava num período de depressão, entre 2013 e 2015. Suspendi o projeto pelo tema delicado de abordar (o incêndio da nossa casa, em nossa terra natal) e porque por enquanto tenho dificuldade de escrever em prosa, acredito que 90% dos textos que escrevo são poesia e, quando não poesia, ainda assim são textos curtos, escrever um romance me exigiu uma preparação que eu ainda não possuo, mas não desisti desse sonho de escrever pelo menos um romance publicável.



3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?
Como geralmente escrevo e publico livros de poesias, os temas e enredos variam bastante, inclusive a ordem dos poemas nos livros que publico não é muito calculada, mas neste livro mais recente, "Poeta em crise", eu dei preferência para escrever poemas que abordassem minha luta contra a depressão, a ansiedade, a bipolaridade, a volta por cima contra esses desafios, esperando que esses poemas sirvam para incentivar outras pessoas a lutarem contra os mesmos problemas ou ainda a escreverem como uma forma de lutar contra tais desafios.



4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?
Sim, muito, e geralmente são os mesmos autores e mesmos poemas, tudo girando em torno do que já li, como Camões, Fernando Pessoa, Mário Quintana, Augusto dos Anjos, Florbela Espanca, Ferreira Gullar, Cruz e Souza...


5. Existe algum ritual para se escrever um livro? Qual funciona para você?
Quando escrevo poesias, geralmente escrevo muitos sonetos, então gosto muito de ir escrevendo já pensando na sonoridade, na rima, e fazendo escansão enquanto escrevo. Além disso, gosto de escrever no finalzinho da noite ou de madrugada, quando tudo em casa está em silêncio e todos ao meu redor estão dormindo, isso meio que facilita para que minha antena de inspiração capte mais facilmente as ondas que o universo quer me comunicar.


6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?
À venda atualmente tenho alguns exemplares físicos de "verso que te quero povo", de 2003, e alguns exemplares físicos da segunda edição de "Poeta em crise", de 2024. Acredito que o de 2003 não tenha sido o mais complexo, mas o que mais demorou a ser gerado (ainda que a decisão de publicá-lo tenha sido rápida). É um livro feito de poemas que fui publicando em vários lugares e concursos literários ao longo de alguns anos e, quando meu pai faleceu, em 2003, eu estava passando por problemas financeiros e me perguntaram: Por que não publicas um novo livro para levantar um dinheiro? Foi aí que decidi publicar esse livro, que na verdade eu já havia compilado em 2001 e registrado com ISBN, tudo certinho. Mas a compilação demorou alguns anos, então penso que foi o mais complexo nesse sentido.



7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?
Sim, gosto de escrever tudo no papel meio que para comprovar, futuramente, que eu mesmo (e não uma máquina ou outra pessoa) escrevi o que escrevi, mas nem tanto para não me perder, nesse sentido prefiro me organizar usando o Word.



8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?
Durante meu processo criativo não pode faltar emoção, tenho que estar com o coração, a memória e o cérebro numa mesma sintonia. Com a ausência de inspiração eu tive que lidar por 20 anos, de 2003 a 2023, nesse período eu simplesmente transferi todo o vácuo do não escrever para a paixão por outra coisa que comecei a fazer em 2000 e exerço até hoje como profissão: a revisão de textos. Corrigir os textos dos outros, nas mais variadas áreas do conhecimento, me ajuda a dividir a atenção e amor que tenho por tudo o que tem a ver com a palavra escrita: se não estou escrevendo ou lendo, estou revisando, e vice-versa.


9. O que podemos esperar para os seus próximos livros?
Quando voltei a escrever compulsivamente em novembro de 2022, achei que tinha produzido material suficiente só para o livro "Poeta em crise", mas depois, ao compilar um material publicado discretamente no Recanto das Letras, percebi que tenho material para mais uns 4 livros de poesias e 1 só de prosas, então para os próximos livros eu arrisco dizer que podem esperar pelo menos 1 livro só de sonetos, 1 de poemas curtos (pois atualmente o público do Instagram quer poemas curtinhos ou microcontos ou frases de efeito) e 1 de pequenas prosas, este último será uma grande conquista para mim, que sou adepto na escrita de muita poesia e na leitura de muitos contos e romances.


10. Como você enxerga a vida dos autores no cenário político atual?
Acho importante um autor escrever com engajamento político, sem precisar ser panfletário. Da minha parte, considero que no meu livro "verso que te quero povo" de 2003 fui bem mais politicamente engajado que em "Poeta em crise", de 2024, mas também considero que é uma fase que estou passando, em que escrevo porque sinto que tenho algo pulsando que precisa ser dito. Dos autores atuais, não tenho acompanhado o cenário político, mas penso que o engajamento político é muito bem-vindo, desde que não separe as vozes dos autores em bolhas, cada uma reivindicando para si a atenção maior dessa ou daquela questão e todos fiquemos isolados em pequenas vozes de luta, quando na verdade é importante que essas vozes encontrem um caminho comum a trilhar.


11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever o primeiro livro?
Comece por imitação, sem se preocupar em ser demasiadamente original. Faça paródias (não plágios) de textos já consagrados. Reescreva histórias mantendo a estrutura e inserindo seu próprio conteúdo. Escreva e rabisque bastante, mas também leia bastante. Basicamente é isso.

Como escreve: Christian Dancini, autor de dialeto das nuvens


Em uma entrevista exclusiva, o renomado autor de poesia Christian Dancini nos revela os segredos por trás de suas obras inovadoras e encantadoras. Com apenas 15 anos, ele entrava no mundo literário com o lançamento de seu primeiro livro em formato digital, 'Fragmentos de uma aurora'. Ao longo dos anos, Dancini se consolidou como um dos nomes mais promissores da poesia contemporânea, conquistando reconhecimento nacional e internacional. Seu mais recente livro, 'Dialeto das Nuvens', transporta o leitor para um universo desconhecido e repleto de sensações, explorando desde a fragilidade humana até mergulhos no surrealismo. Prepare-se para conhecer a mente brilhante por trás dessas obras e se encantar com as palavras poderosas de Christian Dancini.


Foto: Editora Patuá / Divulgação

1. Quando decidiu que se tornaria um escritor?

Resposta: Desde muito cedo eu escrevia. Eu costumava escrever histórias sobre detetives aos 8 anos, inspirado pelo livro “O Cão dos Baskervilles” de Arthur Conan Doyle. Mas foi somente aos 11 ou 12 anos que de fato eu soube que era isso que eu queria. Ao ler um poema sobre a morte, de Junqueira Freire, eu me encantei, descobri que a poesia podia alcançar o patamar do inenarrável com simples combinações de palavras. Mas foi aos 14 que comecei de fato a entrar em um projeto de escrita do livro Fragmentos de uma Aurora, logo após ler Rimbaud e o Poema Sujo de Ferreira Gullar.



2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?

Resposta: Meu primeiro livro foi o Fragmentos de uma Aurora, finalizado aos 15/16 anos e postado por um site chamado Projeto Livro Livre, chefiado por Iba Mendes. Porém, eu já havia abandonado dois outros livros que comecei a escrever mas não finalizei e acabei perdendo o caderno, se chamava O Momento Entre o Dia e a Noite e Crepúsculo dos Corpos (títulos que acabei reutilizando no livro Reminiscências, que junta todos os meus livros da adolescência em um livro só). 



3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?

Resposta: Bom, tenho diversas formas de escolher o tema do livro inteiro, ou de uma parte do livros, ou de um poema do livro. Um dos meus métodos é ler algo como um poema e nele tentar imergir, me perguntar por quê o escritor usou tal palavra? Ou mesmo me perguntar o que essa palavra ou poema reflete em mim? Fora isso, costumo escrever sobre o que sonho e vivo, buscando dos meus delírios e alucinações uma fonte de palavras verborrágicas.



4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?

Resposta: Sim. Eu me espelho em (só para citar alguns) Herberto Helder; Rimbaud; Mário Cesariny; Álvares de Azevedo; Baudelaire; Lautreamont e William Blake. Mas minha primeira inspiração (além do poema do Junqueira Freire e também Ismália de Alphonsus Guimarães) foi o cantor e compositor Jim Morrison do The Doors.



5. Existe algum ritual para se escrever um livro? Qual funciona para você?

Resposta: Sim. Normalmente eu ponho uma música instrumental que me inspire (post rock, ambient music, música erudita, etc.); além disso, eu tenho que estar sozinho em um cômodo, não consigo escrever quando têm pessoas ao meu redor; e, por fim, pegar palavras que me inspirem e utilizar elas no texto. E eu costumo rever o texto diversas vezes até eu achar que está bom o suficiente.



6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?

Resposta: O mais complexo acredito ser o último. Eu já publiquei três livros, dois por editora e um de forma independente com uma prestadora de serviço de Embu das Artes. São eles: Reminiscências (que é o meu primeiro), onde eu junto meus três livros escritos dos 14 aos 19/20, se não me engano; Pleroma (pela editora Ópera) em 2023, e em 2024 o Dialeto das Nuvens. Este último sendo o mais complexo, pois eu revisitei esses textos diversas vezes, troquei palavras, reescrevi... além de ter sido emocionalmente difícil de escrever.




7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?

Resposta: Sim. Quando me vem uma ideia, eu costumo anotar, ou se eu, por exemplo, achar uma palavra interessante, guardo ela em algum lugar e utilizo-a depois em algum texto.




8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?

Resposta: O que não pode faltar é música e outros livros de poemas e, claro, a quietude. Quando eu não tenho inspiração, eu costumo não me forçar a escrever, acredito que alguma ideia irá maturar em meus pensamentos até o momento em que ela deva se tornar concreta.



9. O que podemos esperar para os seus próximos livros?

Resposta: Poemas oníricos e com cada vez mais conteúdo surreal; e palavras que se encaixam como quebra cabeças, parecendo, num primeiro momento, sem sentido, mas lotada de emoções e sensações. 



10. Como você enxerga a vida dos autores no cenário político atual?

Resposta: Estamos vivendo um momento político extremamente delicado, com guerras ao redor do mundo, financiadas pela indústria armamentista. O autor e, se me der licença para eu dizer mais sobre o meu lado, o poeta é tremendamente necessário. O poeta pode através das imagens e dos sentimentos, resgatar o sonho de uma utopia, não sendo necessariamente uma válvula de escape, mas sim uma oportunidade para sonhar com um mundo melhor. É isso, acredito no sonho como uma ferramenta de transmutação.



11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever o primeiro livro?

Resposta: Escreva. Se não escrever, nunca irá sair do lugar. Mesmo que seja sem pretensão nenhuma, mesmo que apenas como exercício. Ler muito, sobre tudo que encontrar. E ser verdadeiro, escrever aquilo que lhe toca.


Como escreve: Licia Soares, autora de ❛quando as traças criaram asas❜

Licia Soares de Souza, renomada autora e professora emérita da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e colaboradora do programa Pós-Cultura da Universidade Federal da Bahia (UFBa), traz em seu mais recente romance distópico, "Quando as traças criaram asas", uma história envolvente e repleta de reflexões sobre poder, resistência e utopia. Publicado pela Editora Autografia no Rio de Janeiro, o livro nos transporta para uma cidade assolada por experimentos transgênicos com insetos, conduzidos por um médico utópico, que, ao perder o controle da situação, desencadeia uma tragédia. Nesse cenário, parte da população se vê obrigada a enfrentar um governo de direita que busca se apropriar dos insetos devoradores para destruir todos os documentos escritos e silenciar os opositores ao regime. Em uma narrativa repleta de suspense e ação, Licia Soares de Souza nos leva a refletir sobre os limites do poder e a importância da resistência em tempos de autoritarismo.


Foto: arte digital


1. Quando decidiu que se tornaria um escritor?


Desde criança, sempre tive vontade de escrever e de ser lida. Comecei com folhetins, isto é, estórias de amor escritas a lápis e amarradas com cordão. O sucesso era tanto que minhas colegas ficavam esperando que eu chegasse no dia seguinte com a continuação. Mas, acabei me desanimando quando recebia de volta meus manuscritos originais rasurados, rasgados, incompletos. Abandonei esta idéia. 



2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?


Segui a carreira acadêmica, licenciatura, mestrado e doutorado. A minha tese, defendida na Université du Québec à Montréal, versou sobre as telenovelas brasileiras em um programa de semiologia. Discorri sobre o impacto dos folhetins eletrônicos, eu que tinha sonhado em ser escritora de folhetim. Foi o meu primeiro livro publicado : Représentation et Idéologie: les téléromans au service de la publicité, Montréal, Éditions Balzac.1994. 

Continuei escrevendo artigos sobre telenovelas e um livro que saiu pela Fundação Cultural do Estado da Bahia: Televisão e cultura: análise da teleficção seriada, que encorajou alguns pesquisadores que se sentiam constrangidos em trabalhar uma tal narrativa da indústria cultural, nos cursos de Letras.

Nunca abandonei nenhum projeto de escrita. Todos que pensei, realizei.



3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?


Eu sou uma escritora de livros teóricos: Semiótica literária, televisual, fílmica. Comecei na área da criação, escrevendo poemas para declamar nos saraus que estava participando. Fiz poemas em alemão para as festas do Goethe Institut e para estar com os poetas do Nosso Sarau no mesmo instituto.

No Canada, já tinha escrito um romance autobiográfico em francês Livia et le mystère de la Croix du Sud que conta minha estória de amor.


Em 2020, na pandemia de covid-19, vendo traças correndo em meus livros velhos, imaginei a distopia que poderia nascer da ideia de cruzar esses insetos com o mosquito da dengue. Uma nove zoonose surgiria atacando livros e seus leitores, sob uma ditadura militar que reeditaria o abominável AI-5 de 1968. É a oportunidade de se destruir o saber escrito, no país, e de se pensar na criação de bibliotecas virtuais onde poder-se-ia modificar o conteúdo de obras contestadoras. Este romance distópico, evidentemente, tem o poder de abrir debates sobre as vantagens e desvantagens da inteligência artificial na formação de escritores e leitores e de organização das novas bibliotecas. Na minha opinião, é um romance muito didático que parte da mente de uma professora, preocupada sempre em educar.



4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?


O romance distópico tem várias citações, em uma dinâmica intertextual. Euclides da Cunha, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Silviano Santiago, no Brasil, me inspiram. Fora do Brasil, Baudelaire, Sartre, Flaubert, Aldous Huxley, Orwell, Catherine Mavrikakis, Antonio Torres e Oleone Fontes.



5. Existe algum ritual para se escrever um livro? Qual funciona para você?

Nenhum ritual codificado. Para mim, tenho uma ideia, e começo a escrever. Os livros teóricos, nascem de pesquisas acadêmicas. Em novembro de 2023, lancei em Montreal, um livro de poemas, em francês, que foi muito bem apreciado por críticos e poetas de renome na cidade. O título é Les grands espaces germinent sous mes pieds. Comecei em 2016, há 7 anos, e fui mudando os poemas conforme os acontecimentos da época, ao ponto de  refletir bastante, neste exercício poético,  sobre as angústias existenciais provocadas pelo confinamento na pandemia. Tem poema sobre a vida de Mariele Franco, sobre os incêndios de nossas florestas, sobre ditaduras, sobre minha adaptação nos invernos de Montreal.




6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?


Já falei dos atuais. O livro de poemas lançado em Montréal em novembro de 2023 e o romance distópico, Quando as traças criaram asas,  lançado em dezembro do mesmo ano. O mais complexo foi a tese de doutorado que já citei na primeira pergunta.


7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?

Usava no passado. Mas, desde que aprendi a escrever diretamente no computador, deixo a cabeça me guiar e perdi o hábito de anotações. É estranho, ainda me pergunto como aconteceu, mas é assim



8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?


Sim, a ausência de inspiração aparece, em dias de cansaço. Quando tenho que sair muito, ir a médico, fazer compras, resolver problemas, perco a vontade de escrever. Tenho que esperar ficar descansada pra recomeçar e restabelecer o diálogo  com meus temas teóricos, ou com meus personagens que eu deixo lá quietinhos até eu voltar à página do computador.



9. O que podemos esperar para os seus próximos livros?


Uma autobiografia sobre o meu confinamento com minha mãe, na pandemia. Sentir todo o pânico que ela viveu, refletir sobre as formas como eu cuidei dela, e continuo cuidando, contar como é o processo de envelhecimento, a paciência de se cuidar de um idoso, a angústia de ver a deterioração de um ser humano no avanço da idade. Essa minha angústia está me corroendo.




10. Como você enxerga a vida dos autores no cenário político atual?


Vejo os autores quase todos preocupados com os riscos de ditadura e com a escalada da extrema direita pelo mundo. Obras literárias sempre são engajadas e prontas a denunciar situações de opressão. Não conhecemos obra literária que defende autoritarismo; isso quem faz é a propaganda, o panfleto. Foi a literatura que denunciou o massacre de Canudos e que revelou os crimes das ditaduras do século XX, por exemplo.



11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever o primeiro livro?



Não sei. Cada um tem sua ideia e seu gênero. Crônica, conto, poema, romance? É preciso conversar com o escritor para saber o que ele pretende. Só daí podem nascer os conselhos.

Como escreve: J.F Moreno, autor de ❛Gemini: o signo da liberdade❜


Na matéria de entrevista de hoje, temos o prazer de conversar com J.F. Moreno, autor de "Gemini: o signo da liberdade". Nesta obra, somos levados para a pacata vila de Massana Tukana, localizada no coração da Amazônia brasileira, onde o cético e incrédulo Kadu vive com uma família indígena que prometeu protegê-lo do mal. Após a terceira guerra mundial, a Terra sofre com os atos impensados da ganância humana, e o mundo é unificado sob a bandeira dos Filhos da Luz. Mas os zodíacos foram perdidos entre as guerras ideológicas, exceto a lenda dos indígenas, que afirma que apenas o Geminiano, nascido sob o signo da liberdade, pode mudar essa realidade. Nesta saga emocionante, o destino do mundo está nas mãos de um Geminiano leviano e racional, cuja astuta dualidade em perfeito equilíbrio poderá salvar a raça humana e todos os universos conhecidos da completa aniquilação pelas mãos do senhor da Antimatéria. J.F. Moreno, um escritor estreante nas prateleiras do Brasil, nos apresenta um mundo literário que busca explicar a origem de tudo, numa escrita inovadora e ousada que facilmente se conecta com o leitor, formando, informando e divertindo ao nos conduzir ao universo extremo da diversão oferecida letra a letra nesta obra épica.


Foto: Divulgação

1. Quando decidiu que se tornaria um escritor?

R.: Olha, a jornada foi longa, pois devido a muitas outras decisões tomada ao decorrer da minha vida eu acabei por me distanciar da minha essência, da minha cerne que é a Arte. Mas como todos os rios desembocam no mar, eu acabei por me reencontrar e então decidi não mais me perder de mim e nem deixar que me roubem mais de mim custe o que custar. Daí, como a escrita é meu principal canal de comunicação com o mundo, decidir me tornar um Escritor foi só uma questão de constatação e aceitação de tudo o que penso e o que sou: Um contador de histórias; um construtor de realidades capaz de construir e de mudar mundos.


2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?


R.: O meu primogênito é o Gemini – O Signo da Liberdade, fora ele eu produzia mais poesias, cartas e crônicas espalhados em cadernos e mais cadernos. Uns perdidos, outro eu taquei fogo mesmo em um desses acessos de fúria fomentado pela crise de identidade típica do ser humano e mais recorrente nos artistas. Desde que me assumi escritor, eu não posso dizer que abandonei algum projeto, mas como tenho a mania de trabalhar em vários escritos simultaneamente, acabo por deixar alguns na geladeira, marinando por algum tempo até voltar neles. Dos que iniciei e concluí tem: Gemini, até já publicado de forma independente e o primeiro volume da Saga Elohim -  O despertar de um Deus que já encaminhei o manuscrito para algumas editoras. Vai que compram minha ideia.


3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?

R.: Isso é bem misterioso até mesmo para mim. A inspiração pode vir de algo que li, de algo que assisti; de uma música, de uma pintura, de uma discussão ou situação da minha ou da vida de outrem. Mas posso dizer com certeza que meu cérebro/imaginação literária se alimenta mais do audiovisual, até porque esse é o meu principal canal de aprendizado seguido da sinestesia, pois nada mais me faz bem aprender do que uma boa experiência imersiva de um bom audiovisual e o bom e velho “mão na massa”. Ah, claro, considero ainda como fonte o que me causa mais estranheza e curiosidade costumando ganhar palco na hora de escolher meus enredos. Mas tudo depende...


4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?

R.: Outra pergunta complicada, pois eu tenho uma ideia um pouco fora da ortodoxia do universo literário comum no que tange inspirar-se em outros autores. Na minha jornada para estabelecer a minha escrita, tendo a buscar informações e formações mais em livros de técnicas de escrita (não ficção), do que em obras dos nossos mestres de ficção. Meus heróis da literatura são em sua maioria esmagadora poetas. Li muitos livros de poesia e poucos romances. Por uma questão de estilo e até mesmo autonomia, evito ao máximo me apoiar nesse ou naquele autor para me inspirar para não correr o risco de reproduzir o já utilizado e assim imprimir a minha própria assinatura quanto a escrita. Claro que não ouso desprezar a máxima “Na Arte nada se cria, tudo se transforma”, porém o meu transformar é embasado em matéria prima o máximo possível “virgem”.


5. Existe algum ritual para se escrever um livro? Qual funciona para você?

R.: Eu não tenho um  ritual específico não, está mais para ambiente adequado e práticas contínuas. Por exemplo: eu só consigo escrever com a companhia do máximo silêncio possível e sem a presença de ninguém. Daí eu coloco o fone de ouvido para tocar música clássica (solos de piano) e deixo fluir. Sempre começo a escrever às 06:00hrs da manhã (quando todos em casa estão dormindo e daí tenho meu ambiente perfeito ou quase já que tem “alguéns” por perto mais ainda dormem) e faço isso todos os dias de segunda a segunda. Talvez isso possa soar como um ritual...rs Então que seja, eis o meu ritual!


6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?

R.: Bom, são eles de não ficção: “Curso de Escrita Criativa Livros I e II”; “OAB Sniper - Método para passar no Exame de Ordem”, e de ficção “Gemini - o Signo da Liberdade”. Desses, o mais complexo foi o curso de escrita criativa. Mas o mais complexo de todos ainda não foi publicado, que é a saga Elohim, o qual considero a obra da minha vida, o meu legado literário.

7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?

R.: Sim, uso sim! Eu monto o dossiê do livro contendo a descrição do World Building, definição do Conflito, ficha individual das personagens (características, personalidade, etc.), composição dos núcleos (protagonistas e antagonistas), capitulação onde anoto a intenção de cada capítulo e por fim um gráfico com o desenho da Curva Perfeita de Eventos. Assim fica mais prático seguir com a escrita, identificar furos, inconsistência além de ser uma vacina definitiva contra a falta de coesão e coerência.


8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?

R.: Olha, não pode faltar minha Ritalina de cada dia, Vodka e energético kkk Uma que vez que tenha tudo isso, vai que vai. OBS.: Remédio controlado para tratar meu TDAH. Quanto à falta de inspiração, o tal bloqueio criativo, eu confesso que ainda não o experimentei, pelo menos não de forma aguda a me paralisar na escrita. Coisas da vida, situações humanas sociais podem até refletir na minha vontade de escrever (quando estou puto ou muito chateado num dá pra produzir nada...rs), mas quando eu defino  minha escrita (dossiê formulado), o processo flui de forma contínua, pois quando estou escrevendo tudo no mundo faz sentido, é o único momento que me sinto conectado com a realidade, com o mundo e com essa dimensão e com outras ao mesmo tempo. Escrever é sinônimo de vida para mim. Ou seja, a situação é inversa, me sinto bloqueado criativamente quando não estou escrevendo, quando tenho de conviver e vivenciar a minha personagem nesse mundo, aí é difícil e é quando sinto o peso dos grilhões da realidade. Já quando escrevo sou livre e dá pra faltar inspiração e criatividade ao exercer a nossa liberdade?


9. O que podemos esperar para os seus próximos livros?

R.: Como eu gosto de sempre fazer novas experiências, posso dizer que os próximos livros sempre virão acompanhados de novidades (óbvio que cada novo livro é uma novidade...rs mas me refiro a segmento mesmo). Tenho três romances (tradicional muito amor e paixão...rs), a produzir, não ficção no estilo autoajuda, mais ficção com Elohim (aí é um mix de ciência, religião, filosofia, ciência política, ação, arte da guerra, romance, etc.), estou produzindo uma sequência de crônicas (também embasada em várias temáticas). Enfim, podem esperar de tudo um pouco, inclusive nada!


10. Como você enxerga a vida dos autores no cenário político atual?

R.: Então, dos novos autores a vida não é nada fácil já que não bastasse a luta comum para se destacar no mercado editorial, ainda temos de superar a ultra valorização dos autores internacionais o que acaba por deixar com eles a maior fatia do mercado nacional. Outra batalha a se vencer é contra a leitura como parte da cultura do brasileiro médio que, em geral, lê muito pouco e isso afeta tanto os novos autores como os já consagrados. No geral, a vida dos autores é sempre aquela aventura de montanha russa, afinal escritor é artista e como artista, sofre como tal ante a realidade nacional e pouco (ou nada) nos valorizam.


11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever o primeiro livro?

R.: Foco. Aprimore-se tecnicamente a cada dia, pois é fato que Escrita é Arte, Arte é Dom, Dom é poder, mas poder não é nada sem controle (técnica); Dom não é sinônimo de sucesso, sucesso é resultado da soma do seu Dom, com sua técnica e com o uso adequado das ferramentas oferecidas pelo mercado editorial. Acredite em você e em sua escrita. As críticas ajudam, mas só você sabe o que é melhor para sua obra e qual o seu verdadeiro valor; Acredite em você acima de tudo e seja o seu maior fã! Eu acredito em você e saiba sempre: Você não está sozinho!

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