APRESENTAÇÃO
Este delicioso livro narra a trajetória de aventura e ousadia da mais saborosa e conhecida bebida negra em todo o mundo: o café. Desde sua descoberta, a Coffea arabica traçou novas rotas comerciais, criou espaços de sociabilidades até então inexistentes, estimulou movimentos revolucionários, inspirou a literatura e a música, desafiou monopólios consagrados e tornou-se o elixir do mundo moderno, consolidando as cafeterias como referência de convívio, debate e lazer. Com charme, elegância e bom humor, a historiadora Ana Luiza Martins conta a trajetória do café, das origens como planta exótica no Oriente à transformação em produto de consumo internacional. A autora analisa também como o café no Brasil transformou-se na semente que veio para ficar e marcar a nossa história. Mais do que uma atitude simpática de bom anfitrião, oferecer um café é proporcionar uma das mais prestigiosas formas de convívio social que nos é dado a conhecer. Um simples gole dessa bebida torna você, leitor, parte de uma imensa cadeia de produção, embalada em muita aventura e ousadia. Venha tomar uma xícara com a gente.
A obra "História do Café" de Ana Luiza Martins é um abrangente e detalhado relato sobre a trajetória do café no Brasil, desde suas origens até os tempos atuais. A autora aborda de forma minuciosa as diversas etapas e transformações pelas quais passou a cultura cafeeira, destacando seu papel central no desenvolvimento econômico, social e político do país.
No primeiro capítulo, intitulado "Origens", a autora traça a história da planta do café, sua descoberta na África e posterior disseminação pelo Oriente Médio e Europa. Ela destaca a importância da Arábia, em particular do Iêmen, no cultivo e comercialização inicial do produto, bem como o papel dos árabes na difusão do hábito de consumir a bebida. Martins também analisa a chegada do café ao Brasil, por meio da ação de Francisco de Melo Palheta, e sua lenta, porém gradual, propagação pelas regiões norte e nordeste do país durante o período colonial.
No segundo capítulo, "Império do Café", a autora aborda a ascensão da cultura cafeeira no Brasil, especialmente no século XIX, quando o produto se torna o principal sustentáculo da economia imperial. Ela descreve a expansão geográfica dos cafezais, partindo do Vale do Paraíba fluminense e paulista em direção ao oeste paulista e Minas Gerais. Martins também analisa o papel político e social desempenhado pelos cafeicultores, que se consolidaram como uma poderosa elite oligárquica durante o Império. Nesse contexto, a autora destaca a incorporação do símbolo do café no brasão nacional, em 1822, como forma de legitimar sua importância.
No terceiro capítulo, "República do Café", a autora examina a continuidade da hegemonia cafeeira durante a Primeira República, quando o produto manteve sua posição de destaque na pauta de exportações brasileiras. Martins analisa as diversas intervenções governamentais para a valorização do café, como o Convênio de Taubaté e a atuação do Instituto Brasileiro do Café (IBC), bem como os impactos dessas políticas na economia e sociedade do país. Ela também discute a crise de 1929 e suas consequências dramáticas para a classe cafeicultora.
No quarto e último capítulo, "Goles Finais de uma História", a autora aborda os desdobramentos mais recentes da cultura cafeeira no Brasil, destacando a diversificação da produção, a busca pela qualidade e a introdução de novas tecnologias. Martins também analisa o impacto de políticas governamentais, como o Pró-Álcool, na transformação da paisagem cafeeira paulista, bem como a ascensão de outras regiões produtoras, como o Espírito Santo, Goiás e Bahia. Além disso, ela discute a relevância do café solúvel e as mudanças nos hábitos de consumo da bebida.
Em síntese, a obra de Ana Luiza Martins apresenta uma abordagem ampla e aprofundada sobre a história do café no Brasil, abrangendo desde suas origens até os desafios e transformações mais recentes. A autora demonstra domínio do tema, articulando de forma coesa e coerente os diversos aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais que permearam a trajetória dessa importante commodity. A riqueza de detalhes e a diversidade de fontes utilizadas conferem à obra grande valor acadêmico e historiográfico, fazendo dela uma referência indispensável para o estudo da história do café no país.
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